Copom pode subir juro pela 1ª vez desde 2011

Aumento da Selic pode, porém, comprometer crescimento econômico.

Em meio ao risco de aumento da inflação e à necessidade de manter a economia aquecida para combater os efeitos da crise internacional, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central volta a se reunir nesta quarta-feira (17) para decidir a nova taxa básica de juros do país, a chamada Selic, que hoje está fixada em 7,25% ao ano.

A mais recente pesquisa feita com agentes do mercado financeiro, divulgada na segunda-feira (15) no relatório Focus, aponta para a expectativa de que o Copom promova nesta quarta a primeira elevação na Selic desde 2011, quando a autoridade monetária deu início ao processo de redução que levou a taxa de juros ao seu menor patamar histórico.

O aumento seria uma tentativa do Banco Central de conter a inflação no país – a alta dos juros acaba por deixar o crédito mais caro e desestimula as pessoas a consumirem, o que pode gerar queda de preços.

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o IPCA acumula alta de 6,59% em 12 meses até março, acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo BC. A última vez em que o índice superou a meta foi em dezembro de 2011, quando atingiu 6,64%.

Nesta terça (16), durante visita a Belo Horizonte, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o governo não terá “o menor problema” em atacar a inflação “sistematicamente.” Ela apontou, porém, que se houver necessidade de elevar os juros para combatê-la, isso seria feito “em patamar bem menor” que o realizado em anos anteriores, sinalizando que não há possibilidade de grandes mexidas na Selic para frear a alta dos preços.

No dia anterior, porém, Dilma havia afirmado, durante discurso em São Paulo, que a inflação no Brasil está sob controle e avaliou que a tendência é que diminua ao longo deste ano, assim como ocorreu em março, que teve inflação de 0,47%, ante de 0,60% registrado em fevereiro.

Dúvidas sobre o PIB

O coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo, William Eid, aponta que, se por um lado se preocupa com a inflação, do outro o governo está pressionado a manter medidas para que a economia reaja e cresça em um ambiente de crise.

Por conta disso, ela avalia que o mais provável é que o Copom mantenha a taxa de juros inalterada em 7,25% na reunião desta quarta, justamente para não prejudicar o crescimento da economia brasileira, que já caminha a passos lentos – o aumento do PIB em 2012 foi de 0,9%.

“Se o BC aumenta a taxa de juros, é para reduzir consumo. Num momento em que se está morrendo de medo de a economia não crescer neste ano, essa alta pode ser o tiro final”, disse Eid.

“Acho que, nesse momento, o Copom não vai mexer na taxa de juros. Vão ponderar essa questão do crescimento e optar por olhar mais um pouco, ver como a economia se comporta e se haverá uma reação”, completou ele.

Fonte: G1

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