Mais da metade dos prisioneiros da prisão militar americana de Guantánamo estão em greve de fome. De acordo com um porta-voz militar, alguns estão sendo alimentados à força.
Dos 166 presos no campo de detenção em Cuba, 84 se recusam a alimentar-se como forma de protesto contra a sua prisão e as condições no centro. O número é quase o dobro do divulgado anteriormente por funcionários, embora os presos e seus advogados já tivessem sugerido que a participação era grande.
A greve de fome começou em 6 de fevereiro e vem ganhando adeptos a cada dia. Desde quarta-feira, mais 32 prisioneiros se juntaram a causa. Segundo o militar, nenhum tem risco de vida e 16 estão sendo alimentados a força. Os detentos e seus advogados sugeriram que alguns estão perto da morte.
Na semana passada. os guardas tentaram quebrar os grevistas retirando-os da área comum e colocando-os em solitárias. O movimento levou a violentos confrontos e os guardas tiveram que fazer uso de armas não letais para conter.
Um dos prisioneiros, preso há 11 anos sem acusação ou julgamento é árabe Shaker Aamer, o último preso britânico da ilha. Ele disse ao jornal Observer que tinha perdido um quarto do seu peso desde o início da greve.
– Eu quase não noto todos os meus problemas médicos mais. A dor nas costas por causa das pancadas que tomei, o reumatismo devido ao ar condicionado gelado, a asma agravada pelos sprays tóxicos que eles usam. Há uma lista interminável. E agora, eu tenho a dor da fome – afirma Aamer.
As autoridades americanas alegam que Aamer liderou os jihadistas estrangeiros junto com o Talibã e que ele participou da Batalha de Tora Bora, onde acredita-se que Osama Bin Laden teria sido brevemente preso antes de escapar para o Paquistão.
O argumento de Aamer é que grande parte das provas contra ele vieram de um prisioneiro que o testemunho, alega-se, teria sido obtido sob tortura.
Já se passaram quatro anos desde que o presidente Barack Obama prometeu que o centro de detenção na Baia de Guantánamo, repetidamente criticado por organizações de direitos humanos, seria encerrado. Em vez disso, seu governo está considerando um projeto de 200 milhões para renovar o espaço que incluiria a construção de um novo edifício para os chamados prisioneiros de “alto valor”.