“Minha vida se resume a idas ao Fórum”. Assim é descrita a rotina do major da Polícia Militar de Alagoas Paulo Eugênio da Silva Freitas, que foi acusado pela Polícia Civil de Alagoas de ter envolvimento na Chacina do Benedito Bentes, ocorrida em agosto de 2010, em uma região de mata entre o Complexo e a Serraria. O oficial da PM, à época capitão, foi apontado como líder de um grupo de extermínio que atuava na região.
Preso, foi apontado publicamente e desde o ano passado, quando teve seu nome retirado do processo, tenta retomar a vida. O militar decidiu processar o Estado por danos morais, mas garante que nenhuma ‘compensação’ que venha a receber pagará o tempo de humilhação e execração pública. Além do oficial, um cabo da PM e três civis foram presos à época.
Nesta quinta, 25, a Polícia Civil divulgou as imagens dos ‘verdadeiros’ assassinos. Os irmãos Antônio Fernando dos Santos, Antônio Carlos dos Santos (já falecido) e Antônio Marcos dos Santos foram denunciados pela promotora Marluce Falcão, esta semana, depois de receber relatório do delegado Cícero Lima, coordenador da Delegacia de Homicídios da Capital. A motivação para o crime seria vingança.
Em entrevista ao Alagoas 24 Horas o major Paulo Eugênio fez questionamentos pertinentes: de quem é a responsabilidade por levar cinco pessoas inocentes à execração pública? O militar conta que até hoje uma arma – que comprovadamente não foi utilizada no crime – continua sob a custódia das autoridades policiais.
Questionado se acreditava ter sido alvo de uma conspiração, o oficial da PM disse ter sido usado como ‘bode expiatório’ e que ninguém irá arcar com as sequelas da má investigação. À época, o inquérito policial que apontava Paulo Eugênio como partícipe da chacina foi presidido pela delegada Rebeca Cordeiro.
O militar conta, ainda, que há vários equívocos em todo o processo e que o judiciário, sobretudo a 17ª Vara Criminal da Capital e o Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) foram induzidos ao erro.
Paulo Eugênio também lamenta a atuação da mídia no episódio. “Do mesmo jeito que fui atacado, deveria ter sido procurado após a comprovação da minha inocência”. Além do major, foram inocentados o cabo e outros três civis.