A baixa oferta de cursos profissionalizantes e tecnológicos em Alagoas serviu de tema de sessão pública realizada no plenário da Assembleia Legislativa, por proposição do deputado Joãozinho Pereira (PSDB). O parlamentar justificou que tomou a iniciativa de realizar a sessão depois de constatar que, apesar de o governo federal disponibilizar recursos para construção de centros profissionalizantes, o Estado é o que menos investe nesse segmento educacional.
De acordo com Joãozinho Pereira, nos últimos três anos Alagoas recebeu apenas R$ 1,8 milhão, enquanto Pernambuco investiu R$ 45 milhões e Sergipe, aproximadamente R$ 22 milhões. “São números preocupantes. Sempre defendi o investimento em educação profissionalizante e quero debater esse assunto a fundo, não criticar”, afirma. O parlamentar cita os exemplos dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Acre, Amazonas e Mato Grosso, os quais criaram autarquias para gerir a área de ensino profissionalizante. “Acredito que esse é o caminho”, considera Joãozinho. “Porque permite maior autonomia, inclusive financeira. A Secretaria de Estado da Educação é muito grande e não faz parte de sua atividade-fim nesse segmento”, justifica ele.
Joãozinho Pereira ainda compara Alagoas com os estados vizinhos. Segundo ele, Ceará tem 92 centros de ensino profissionalizante e tecnológico, Pernambuco tem 16 e outros em construção. Enquanto isso, Alagoas tem apenas dois. “Para superarmos esse quadro, é preciso trabalho e projetos para receber os recursos disponibilizados pelo governo federal”, conclui Pereira.
O secretário estadual do Trabalho, Alberto Sextafeira, concorda que a secretaria de Educação estadual tem outras prioridades, admite que não sabe ainda qual o caminho a ser seguido, mas defende a elaboração de um plano estadual de qualificação. Com isso, na sua opinião, será possível saber qual a real demanda do mercado, suas áreas e segmentos. “Ou seja, precisa haver um banco de profissionais e a indicação de onde eles serão inseridos”, considerou Sextafeira.
A diretora regional do Senac, Telma Ribeiro, presente à sessão pública, disse que a instituição já oferece o ensino profissionalizante, através do Programa Senac de Gratuidade (PSG) e do Programa Nacional de acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), mas faz uma consideração. “A preocupação atual deve ser com o fortalecimento da educação básica”, avalia. Segundo ela, somente em 2012 foram qualificados mais de 12 mil alunos gratuitamente, através dos cursos realizados pelo Senac.
A secretária municipal de Educação da capital, Ana Dayse Dórea, reforçou as palavras do deputado Joãozinho Pereira. “É preciso deixar de fazer discursos individuais. É preciso agir e é de grande importância essa sessão e nós, que estamos aqui, é que podemos mudar essa realidade. Principalmente porque há dinheiro federal disponível”, declarou Ana Dayse.
A secretaria estadual de Educação enviou a secretária-adjunta, Josicleide Moura, que defendeu a gestão do Estado. Segundo ela, as duas unidades de educação profissionalizante existentes atualmente em Alagoas são bem estruturadas e oferecem acesso à qualificação aos alunos que a procuram.
A sessão pública foi acompanhada por estudantes da escola estadual José Aprígio Brandão Vilela, do município de Teotônio Vilela. Também registraram presença o presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Marcelo Beltrão, o deputado Judson Cabral (PT), representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado (Sinteal), bem como do Senai e Ifal, entre outros.