De olho no PIB, Copom define nova taxa de juros nesta quarta-feira

Mas, no mercado futuro, as apostas são de uma elevação mais forte.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta quarta-feira (29) para definir os juros básicos da economia brasileira, atualmente em 7,5% ao ano, e a expectativa da maior parte dos economistas do mercado financeiro é de um aumento de 0,25 ponto percentual, para 7,75% ao ano.

Parte dos economistas, no entanto, tem a expectativa de uma alta maior: para 8% ao ano, ou seja, de 0,5 ponto percentual nesta semana. A curva de juros do mercado futuro, que reflete a aposta dos bancos para a taxa Selic, já reflete, inclusive, um aumento mais forte dos juros básicos nesta semana, justamente para 8% ao ano.

A reunião do Copom terminará após as 18h desta quarta-feira. Normalmente, o novo patamar dos juros é anunciado por volta das 20h.

Cenário complicado

Segundo economistas, o cenário para o Banco Central ainda continua complicado, visto que a inflação não tem recuado da maneira esperada e ainda há dúvidas sobre o crescimento da economia internacional e doméstica – e seu subsequente impacto nos preços.

"A queda da inflação no atacado ainda não se traduziu em recuo mais abrupto no varejo. Isso não apareceu nada na ponta [para o consumidor]. Espera-se que em junho tenha deflação de alimentos no IPCA. Pode acontecer", avaliou Rodrigo Melo, da Mauá Investimentos.

Em sua visão, o resultado do PIB do primeiro trimestre, que será divulgado na manhã desta quarta-feira (29), no mesmo dia do Copom, deve ter impacto na decisão do Banco Central.

"Se vier um PIB muito ruim, com alta 0,5% a 0,6% [no primeiro trimestre, frente aos três últimos meses do an passado] está ok para o mercado [aumentar os juros em 0,25 ponto, para 7,75% ao ano]. Se confirmar 1% [conforme a prévia do PIB do BC], fica mais tranquilo a entregar o 0,5 ponto de aumento, para 8% ao ano", declarou o economista.

Ele observou que o aumento de gastos públicos, sinalizado na revisão do orçamento deste ano, e a alta do dólar, atualmente oscilando ao redor de R$ 2,05, tornam mais difícil o controle da inflação, além do mercado de trabalho ainda estar aquecido. "Precisa ter um pouco de desemprego para deixar de pressionar os salários", avaliou.

Sistema de metas e objetivo do BC

Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o IPCA. Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Entretanto, o próprio Banco Central tem previu, no relatório de inflação divulgado no fim de março, um IPCA próximo de 6% neste ano. Os dados mostram que a instituição manteve a taxa básica de juros inalterada na mínima histórica, em 7,25% ao ano desde outubro do ano passado, elevando-a somente em abril, mesmo com a deterioração do cenário de inflação registrado no primeiro trimestre deste ano.

"No dicurso, eles falam em inflação mais baixa a partir do segundo semestre. Antes, diziam que seria abaixo do ano passado [5,84%], mas eles retiraram isso. Eles querem que a inflação desacelere no segundo semestre e assim continue no ano que vem, mas não te dão o nível. É uma convergência [para a meta central de 4,5%] mais gradual do que o mercado gostaria", avaliou Rodrigo Melo.

Discurso do BC

Para o economista da Mauá Investimentos, o discurso do presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, de que a instituição está “vigilante” e fará o que for “necessário” para reduzir a inflação no segundo semestre deste ano representa um endurecimento, o que pode sinalizar uma alta maior, de 0,5 ponto percentual nos juros nesta semana, para 8% ao ano.

"Aumentou o tom. É uma linguagem mais dura. Mas há diretores, como o Luiz Awazu [Assuntos Internacionais] e o Aldo Mendes [Política Monetária] que parecem pender para o outro lado [de um aumento menor, de 0,25 ponto]. Isso deixa a porta aberta [para o BC tomar a decisão que quiser]", avaliou Rodrigo Melo, da Mauá Investimentos.

Fonte: G1

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