Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda que apura lavagem de dinheiro, encontraram "movimentações atípicas" em dinheiro vivo de empresários ligados à companhias de ônibus que atuam na cidade de São Paulo. Segundo informações divulgadas no jornal Folha de S. Paulo deste domingo, a empresa Happy Play, que não tem um único ônibus, mas integra consórcio, recebeu R$ 4,8 milhões em depósitos em dinheiro num único ano. Por essas movimentações, as empresas e seus donos tiveram seus bens bloqueados pela Justiça, mas depois a medida foi cassada.
Em outro caso, um empresário investigado comprou onze imóveis em condições que o Ministério Público classifica como "irreais". Há ainda suspeitas de que donos de companhias tenham criado um cipoal de empresas para esconder patrimônio e evitar perdas em ações judiciais. O foco da apuração é o Consórcio Leste 4, que atua na zona leste, onde se concentra o serviço de pior qualidade na cidade, segundo a SPTrans. A existência de serviços ineficientes nessa região não é ocasional, segundo o promotor Saad Mazloum, que iniciou essas investigações em 2008 a partir de reclamações de passageiros: "as empresas dizem que não têm recursos para melhorar a qualidade, mas, pelas provas que juntei, não há dúvidas de que houve desvio para os empresários." O advogado das empresas, Paulo Iasz de Morais, diz que as acusações são infundadas.