Temporada de rodeios começa com novas proibições pelo Brasil

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Temporada de rodeios começa com novas proibições pelo Brasil

Líder de federação nega violência em prática: "violência é no frigorífico, onde se sacrifica o animal com dois anos"
Tradição no interior do Brasil, os rodeios estão longe de serem unanimidade. A cada nova temporada, liminares ajuizadas em favor de instituições de proteção animal trazem dor de cabeça aos empresários que investem em exposições, shows e no principal alvo dos ativistas: a tradição norte-americana de montaria em bois e cavalos.

A decisão judicial mais recente, do último dia 12, cancelou o rodeio de São João da Boa Vista, cidade a 230 kms da capital paulista. A organização manteve a festa, mas sem a montaria. “Nos rodeios, as provas submetem o animal a situações de estresse físico e psicológico”, acredita Rosangela Ribeiro, da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA, na sigla em inglês).

Tradicional reduto de rodeios, Ribeirão Preto conseguiu de última hora derrubar uma liminar que desautorizava, na festa deste ano, a utilização de esporas e sedém, uma cinta passada na altura da virilha do animal, que ao pular para se livrar dela, dificulta a permanecia do peão sobre o lombo. “Hoje a cinta é feita de lã e espuma para não maltratar o bicho”, justifica o presidente da Confederação Nacional de Rodeio (CNR), Roberto Gomes Vidal.

Em Varginha, Minas Gerais, a montaria no dia 16 de maio também foi cancelada, mas por outra razão: uma lei municipal proíbe a permanência e exibição de animais em espetáculos. “O traslado do animal até a festa é feito a base de choques elétricos e golpes. O som alto e os fogos de artifício também aumentam o pânico”, diz Rosângela.

Uma lei com o mesmo teor também foi aprovada no dia 23 de maio na cidade de Itapetininga (a 170 kms de São Paulo), e só aguarda a assinatura do prefeito Luiz Di Fiori (PSDB). A proibição por meio de legislação municipal vem se espalhando pelo Brasil desde que uma lei federal regulamentou os rodeios em 2002.

As capitais São Paulo, Rio de Janeiro e João Pessoa proíbem a festa, exemplo que vem sendo seguido pelas prefeituras de cidades da Grande São Paulo e interior do Estado, onde essa tradição é maior. É o caso de Guarulhos, Mauá, Sorocaba, Santo André, Osasco, São Bernardo e Diadema. Em outras cidades – como Bauru, Itupeva e Itú – os rodeios são banidos e depois restituídos em guerras judiciais que se reiniciam a cada temporada.

“Violência é no frigorífico”

O presidente da CNR afirma que os maus-tratos contra cavalos e bois é folclore: “Violência acontece no frigorífico, onde se abade um boi com dois anos de idade”, compara. Vidal explica que é a partir dessa idade que o animal está pronto para começar a competir. “Ele participa dos rodeios até 15, 20 anos, quando se aposenta.”

Ao contrário dos animais que vão para o abate, aqueles de competição “são bem cuidados, tem alimentação balanceada, fazem exercícios e trabalham até 1 hora por mês em época de competição”. “Essa é uma tradição cultural, não tem nada a ver com violência. As instituições de proteção não sabem a diferença entre animais de grande e pequeno porte”, alfineta o presidente, que também discorda da “fiscalização precária” denunciada por Rosangela: “Infelizmente, centenas de rodeios de pequeno e médio porte não possuem qualquer tipo de fiscalização. Os animais sofrem abusos, negligência, maus tratos.”

Hoje vereador de São Paulo, o então deputado federal Ricardo Trípoli (PV) lembrou de uma fatalidade na Festa de Barretos, em 2011, para justificar seu projeto de lei proibindo rodeios no País. Na ocasião, um garrote foi sacrificado por cair e quebrar a coluna vertebral após uma perseguição na principal arena de rodeios do Brasil.

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