Médicos e enfermeiros dos 102 municípios alagoanos participaram, nesta terça-feira (9), de uma capacitação sobre raiva, leptospirose e picadas de animais peçonhentos. O evento, que aconteceu no Hotel Enseada, na Pajuçara, teve como objetivo qualificar e atualizar profissionais municipais vinculados a hospitais e ambulatórios.
A atividade foi focada no diagnóstico e no tratamento, tendo em vista reduzir possíveis erros, e teve como palestrantes os infectologistas José Maria Constant e Fernando Maia. Médicos do Hospital Escola Hélvio Auto, eles buscaram capacitar os participantes para o atendimento em tempo hábil, evitando óbitos e prevenindo novos casos.
Durante a oficina, o coordenador do Programa Estadual do Controle da Raiva e técnico responsável pelo Núcleo de Controle das Zoonoses, Valmir Costa, destacou a importância da ação. “Nossa visão é a da saúde pública e esse é um momento muito útil, de transmitir conhecimento e prestar esclarecimentos sobre esses temas visando a saúde da população”, disse.
Ele lembrou que, entre os anos de 1980 e 1990, Alagoas teve 24 óbitos por raiva devido a erros de prescrição médica. “De 1990 até agora, quando começamos a capacitar os profissionais, isso não voltou a se repetir. As mortes que aconteceram depois foram pela não procura de atendimento”, expôs, acrescentando que desde 2006 o Estado não tem novos registros da doença.
Leptospirose
Quanto à leptospirose, o infectologista José Maria Constant ressaltou que, no último ano, o Hospital Escola Hélvio Auto recebeu 84 casos da enfermidade, resultando em cinco óbitos. Já em 2011, foram 117 registros com sete mortes, enquanto em 2010 e 2009 foram 146 e 108 casos, com dois e seis óbitos, respectivamente.
“É importante fazer um diagnóstico diferencial, pois no início a doença tem sintomas muito parecidos com a dengue e até com a gripe, apresentando febre e dores, por exemplo. Em muitos casos a leptospirose pode ser inaparente, mas, quando grave, ela apresenta alta letalidade e por isso é fundamental que o diagnóstico seja adequado”, afirmou o médico.
Até o último mês de maio, noticiados 24 suspeitos de leptospirose, sendo 16 confirmados em Alagoas, a maioria em Maceió (seis). Em 2012, foram notificados 47 em 15 cidades alagoanas – sendo 27 na capital e cinco óbitos.
Entre os anos de 2007 e 2011, Alagoas teve 23.623 acidentes provocados por animais peçonhentos. Desses, 20.500 foram causados por escorpiões, representando 79% do total. Do restante, 7% (1.741) foram provocados por serpentes, 2% (1.274) por abelhas e 8% por outros animais.
“A grande maioria não leva à morte. Ainda assim, o paciente deve receber o cuidado necessário. O atendimento tem que ser rápido, pois, caso contrário, a situação pode se agravar e levar à morte, em especial no caso de crianças e idosos”, descreveu o responsável técnico pelo Programa de Controle de Zoonoses na Sesau.