Enem 2013: veja erros gramaticais comuns na redação e como evitá-los

Professores dão dicas de como evitar erros de ortografia, que podem comprometer o desempenho do candidato na redação.

Edson Jr. / TerraO Enem 2013 será aplicado no mês de outubro em todo o Brasil

O Enem 2013 será aplicado no mês de outubro em todo o Brasil

O caminho para uma redação perfeita é árduo. Diversos pontos devem ser observados, e manter a calma para atender a todas as exigências dos corretores é difícil. Cobra-se coesão, embasamento, articulação. No meio disso tudo, o aluno ainda esbarra nas peculiaridades da língua culta e formal. "É uma outra língua, que não a do menino", aponta Francisco Platão, professor do Sistema de Ensino Anglo. Erros de gramática e ortografia se repetem e afastam os alunos da nota máxima. Contra tudo isso, recomenda-se calma. "Entende-se que o momento da prova é uma fase de muito nervosismo, mas são necessárias concentração e muita prática para o sucesso", ensina a professora Talita Aguiar, do Curso Progressão Autêntico.

Outra dica infalível, dizem os mestres, é a leitura. Essa é, talvez, a única forma de realmente se aprender a fazer uma boa redação. "O aprendizado se dá ao longo do tempo, com o convívio com a língua padrão. E onde está a língua culta? Nos livros", diz Platão. Vivian Carrera, do Cursinho do XI, diz que "em geral, uma associação incorreta, com o "auxílio" da pressa e do nervosismo na hora da prova, faz com que se coloquem acentos em palavras que não os têm ou que se esqueçam algumas regras. Além da leitura, ela também exalta o hábito da escrita: "Escrever põe em prática as normas assimiladas".

Confira os principais erros ortográficos e gramaticais na opinião de Talita, Platão, Vivian e os professores Ana Paula Ramos, do Sistema Elite de Ensino, e Ester Chapiro, psicopedagoga da Central de Professores – Soluções Pedagógicas.

Haver
Ana Paula Ramos diz que muitos erros estão relacionados com o verbo “haver”: "Dificilmente os candidatos acertam o emprego desse verbo, já que sabem que os verbos concordam com o núcleo do sujeito de uma frase". Contudo, ressalta a professora, na língua portuguesa, sempre existem exceções. Por isso, ela dá uma dica:

"Na maioria dos casos em que o verbo haver é empregado, ele não tem sujeito, ele é sujeito inexistente. Portanto não há com quem esse verbo concordar. Se não há com quem concordar, ele ficará no singular, independentemente do seu tempo e modo verbal. Que casos são esses? Quando o verbo haver indicar tempo transcorrido", explica, citando como exemplos a frase "há duas semanas, vi-o caminhando na rua" e o caso do verbo empregado no sentido de existir, como em "havia 20 alunos naquela sala".

Onde
É um erro comum usar “onde” para se referir a não-lugares, aponta Ana Paula. “Os candidatos costumam jogar o pronome relativo onde em tudo o que é lugar. Porém, cuidado! Onde só retoma lugar", diz a professora. Caso o aluno queira retomar um nome que não é um lugar concreto, o correto é usar "em que", "no qual", "nos quais", "na qual" ou "nas quais".

Vivian também comenta que é comum o uso incorreto do pronome de lugar "onde". Ela dá um exemplo do erro na frase "a amizade é algo presente na vida de todos, onde muitos se esquecem disso". No caso, o "onde" não se refere a um lugar, portanto, não deve ser usado.

Pronomes demonstrativos
Segundo os professores, é recorrente a confusão entre pronomes demonstrativos como "este", "esse" e "aquele". Ana Paula ensina: “Essas são formas usadas para retomar ou anunciar nomes que utilizamos ou utilizaremos. Servem para não ficarmos repetindo sempre a mesma palavra".

Entenda: "este", "esta" e "isto" são usados para anunciar, como, por exemplo, na frase "o maior problema do continente africano é este: a fome". "Esse", "essa" e "isso" servem para retomar algo recentemente dito. Exemplo: "O maior problema do continente africano é a fome. Essa se apresenta também em países asiáticos". "Aquele", "aquela" e "aquilo" usa-se para retomar um nome dito antes do último nome que aparece: "Gosto de goiabada e queijo. Aquela porque é doce."

Quando houver três elementos, diz a professora, o correto é: "Tenho três irmãos: Antônio, Arnaldo e Amadeu. Aquele é arquiteto, esse é advogado e este aeronauta". Vivian também dá exemplos do mau uso desses pronomes: No texto é necessário conhecer as próprias limitações. ‘Isto’ deve ser feito aos poucos, o correto seria ‘isso’, por fazer referência a uma ideia anteriormente apresentada.

Concordância
Ana Paula explica que o candidato costuma fazer a concordância do verbo com a palavra que vem imediatamente antes dele, como, por exemplo, "a participação dos manifestantes foram muito importantes" ou "as roupas da Joana é muito bonita". A dica para fugir desse erro é, segundo a professora, lembrar que o verbo concorda com o núcleo do sujeito. “Nas frases anteriores, ‘participação’ é o núcleo do sujeito da primeira frase, por isso, o verbo fica no singular. Na segunda frase, ‘roupas’ é o núcleo do sujeito, então o verbo fica no plural”.

Vivian destaca outro erro de concordância comum: "’Fazem’ dois anos que ninguém resolve o problema". Os verbos "fazer" e "haver", quando indicam tempo cronológico, não têm plural. O correto seria: “Faz dois anos que ninguém resolve o problema”.

Pleonasmo
O conselho é ter cuidado com textos cheios de palavras repetidas e ideias que chegam a um mesmo ponto: "Eles não são apreciados pelos corretores", aponta Talita Aguiar. Segundo ela, quanto mais repetidas forem as ideias, mais claro fica que o candidato não tem conhecimento suficiente para escrever um bom texto. "Diversifique seus argumentos. Uma ótima dica para isso é a constante leitura", aconselha.

Vivian traz outro exemplo de redundância: "Aconteceu uma manifestação há dez dias atrás, então é necessário criar novas saídas para as discussões". A professora explica que ou se usa "há" ou "atrás", ressaltando que "criar" e "novas" também apresentam a mesma ideia.

Pontuação
Ana Paula ressalta, aqui, o uso da vírgula: "As pessoas costumam colocar vírgula quando lhes falta ar, quando precisam de uma pausa para respirar". Contudo, a vírgula é uma questão sintática e não de entoação. Ela relembra que é importante saber que a ordem padrão de uma frase na língua portuguesa é: sujeito + verbo + complementos (direto e/ou indireto) + adjunto adverbial.

A dica, nesse caso, é: "Se a frase estiver nessa ordem, não há motivos para virgular, só existe regra para o adjunto adverbial – se ele estiver em outra posição que não seja no final, será virgulado”. Ana Paula acrescenta que, além dessa, há outras regrinhas da vírgula que convêm serem estudadas. Ester Chapiro aconselha: "É preciso conhecer as regras de pontuação para garantir o sentido do texto. Não abuse das exclamações e evite o uso dos parênteses", diz.

Coloquialismo
Para Talita Aguiar, esse é um dos principais erros nas redações: "Muitos alunos fazem uso de gírias ou expressões que usam no dia a dia, mas essas não devem ser empregadas, visto que tornam o texto muito informal. Deve-se substituí-las pela norma culta".

Ester Chapiro chama a atenção dos candidatos para o fato de que a escrita não funciona exatamente do modo como falamos. "Cuidado ao tentar escrever de maneira simples para não exceder na simplicidade. A formalidade deve estar acima do coloquialismo, portanto nunca use gírias, palavras de baixo calão e abreviaturas". Chapiro acrescenta que palavras estrangeiras só deverão ser usadas quando não houver outra com o mesmo significado em português.

Uso da primeira pessoa do singular
O uso do "eu" nas provas é um erro constante. Ana Paula explica que, quando os candidatos se identificam com o tema, "eles parecem se empolgar e começam a escrever suas experiências relativas ao assunto". Ela indica aos alunos, nesses casos, lembrar que a redação do Enem é do gênero dissertativo-argumentativo, no qual predomina a impessoalidade, e é aceitável, no máximo, a primeira pessoa do plural, nós, que marca a coletividade, ou seja, que aquele pensamento é compartilhado por um grupo.

"O texto não é um diário no qual se expõem relatos pessoais", complementa. Portanto, nada de usar expressões como "na minha opinião" ou "eu acho".

Clichês e generalizações
Clichês, frases prontas e provérbios devem ser evitados, porque mostram ao corretor falta de originalidade do candidato para expor suas opiniões. Para Talita Aguiar, também se deve evitar argumentos generalizadores:

"Expressões como ‘a população é alienada’, ‘o povo brasileiro não acredita’ generalizam muito a ideia. Procure particularizar seus argumentos", ensina. Ester Chapiro ressalta a importância de demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação: "Esse domínio você adquire através da leitura de jornais, revistas e livros. O importante é conseguir, ao escrever, convencer o leitor de que tem conhecimentos fundamentados".

Semelhança sonora
É Vivian quem aponta erros comuns relacionados à semelhança sonora entre as expressões. Ela explica com exemplos: "isso não tem haver" no lugar da forma correta "isso não tem a ver"; "ele não sabe lhe dar com o problema" em vez de "ele não sabe lidar com o problema"; "as pessoas encontrão situações complicadas" no lugar de "as pessoas encontram situações complicadas"; "a situação foi mau resolvida" e "ele é um mal elemento" no lugar de "a situação foi mal resolvida" e "ele é um mau elemento"; "o governo não investe como deveria em educação, mais cobra muitos impostos" em vez de "o governo não investe como deveria em educação, mas cobra muitos impostos". Esses equívocos se repetem, explica Vivian, em sua maioria, por semelhanças sonoras entre as palavras e expressões.

Ela cita outros erros ortográficos recorrentes nas redações do Enem: "consiente", "siguinificar", "extresse", "supérfulos". As grafias corretas são: "consciente", "significar", "estresse", "supérfluos". Há também junção errada de elementos, como "encomum" (no lugar de "em comum"), "concerteza" (em vez de "com certeza"), "encontra partida" (quando o correto é "em contrapartida"), "apartir" (em vez de "a partir"), "porisso" (no lugar de "por isso").

Fonte: Terra

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