Um jovem ator de Arapiraca viajou, neste final de semana, para o Rio de Janeiro tentar se especializar nas artes cênicas. “Nossa cidade tem local para apresentações, mas quero aprender as técnicas para poder atuar nos vários espaços que existem”, diz Guylherme Oliveira, de 19 anos.
Ele, que é membro-fundador da Companhia de Teatro Descartável, pretende estudar teatro n’O Tablado, escola da atriz, diretora e professora Maria Clara Machado, que já revelou talentos como Miguel Falabella, Mallu Mader, Cláudia Abreu, Wolf Maia, Bia Nunes e Sara Berditchevski.
Segundo o ator arapiraquense, ele pode ser o primeiro alagoano a pisar no palco d’O Tablado, que tem mais de cinco décadas de história de formação, com cerca de 125 espetáculos já feitos. Diante de algum revés, Guylherme Oliveira pensa ainda prestar vestibular para o curso de teatro pelo Ensino Nacional de Ensino Médio (Enem) para tentar vagar na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Conforme o fundador de uma das companhias teatrais na cidade – que já foi figurante da “Paixão de Cristo”, príncipe em peças na escola, um marido infiel numa das esquetes de Nelson Rodrigues, a “Mulher do Terceiro Milênio”, do espetáculo Cócegas, e um esposo violento na tragicomédia “Maria Sem Vergonha” –, a concorrência na capital do Rio de Janeiro será grande.
“Mas vou tentar me especializar em TV e comerciais, sobretudo”, conta Guylherme Oliveira, que começou a trabalhar mais seriamente aos 16 anos na peça “A Hora da Morte”, do autor e diretor Sandro Leite, interpretando um capetinha, assistente do Diabo.
O jovem também fez o curso de Leitura Dramatizada, no Serviço Social do Comércio de Arapiraca (Sesc), realizado com a atriz gaúcha Sabrina Lermen, e outra oficina de três meses de Estudo Cênico, com a atriz, dramaturga, diretora, pesquisadora e produtora alagoana Daniela Benny, a qual trabalhou com teatro em espaços alternativos, tendo como tema a cidade de Arapiraca e a impiedosa seca no Sertão alagoano.
“Essa veia artística vem de família. José das Neves, meu avô, era mágico e palhaço num circo itinerante, que levava alegria e cultura para os municípios vizinhos do nosso. Então, quero honrar essa tradição e representar Arapiraca lá fora”, pontua o jovem.
O público da cidade já o conhece de algumas dezenas de apresentações do “Maria Sem Vergonha”. Guylherme Oliveira faz o personagem Amadeu, um marido que recorre à violência para humilhar sua companheira Maria dos Prazeres, interpretada pela atriz Vitória Rodrigues, posto que a abordagem, recheada de humor, atenta para uma questão muito séria na vida doméstica e sobre a Lei Maria da Penha. A trama foi escrita por Douglas Leite, com coautoria de Flávia Cardoso.
Há seis meses em cartaz, o espetáculo acontece mensalmente no município atraindo centenas de de pessoas para o teatro. A última investida do grupo da Companhia de Teatro Descartável foi no dia 7 deste mês de julho.