Duas pessoas foram presas vendendo vacinas contra o vírus H1N1 desviadas da secretaria de Saúde de Uberaba na noite desta quinta-feira (18). Os suspeitos de 38 e 42 anos se passavam por funcionários de um laboratório da cidade e foram encontrados depois que duas mulheres que trabalharam no estabelecimento denunciaram a situação para a Polícia Civil. Um deles, funcionário de carreira da Prefeitura, revelou que um terceiro envolvido, que também é servidor público e não foi encontrado pela polícia, desviava a vacina e vendia por R$25. A Secretaria de Saúde afastou os dois servidores e abriu procedimento administrativo. Caso os fatos sejam comprovados ambos serão exonerados.
Segundo registro da polícia, as funcionárias do laboratório procuraram a 4ª Delegacia de Polícia Civil afirmando que ouviram o gerente de uma padaria onde tomavam café dizendo que um homem, se identificando como funcionário do laboratório, ofereceu a ele vacina contra H1N1 para os funcionários da panificadora. O gerente disse que o suspeito venderia cada dose por R$ 35. Ele cobrava ainda mais R$ 3 para pagar o responsável por aplicar a vacina.
As testemunhas, no entanto, disseram que o homem não é funcionário do laboratório onde elas trabalham e em nenhum outro da cidade. Elas afirmaram ainda que nenhum laboratório de Uberaba tem vacina no estoque e muitos não conseguem comprar a dose pela escassez no mercado. As testemunhas ressaltaram ainda, de acordo com o registro da Polícia Civil, que a vacina comercializada pelos laboratórios é vendida com valores entre R$ 80 e R$ 140.
Com a informação de que os dois suspeitos estavam no estacionamento de um shopping da cidade, a equipe da Polícia Civil foi até o local e conseguiu fazer a abordagem dos suspeitos. Dentro do carro no qual eles estavam os policiais encontraram parte da vacina. Na casa de um dos suspeitos, a polícia apreendeu ainda uma caixa com o material totalizando 150 doses.
O suspeito afirmou que as doses foram compradas de um funcionário da Central de Vacinas da Secretaria Saúde que desviava as doses no trajeto entre a central e as Unidades Básicas de Saúde (UBS), e vendia para ele por R$ 25. O segundo suspeito foi contratado apenas para aplicar as vacinas e recebia R$ 3 pelo serviço. Os dois foram presos e encaminhados para a delegacia. O terceiro envolvido não foi encontrado.
Servidores afastados
Por meio de nota, a secretaria de Saúde confirmou que um dos suspeitos que oferecia a vacina e o terceiro envolvido, denunciado no momento da abordagem dos policiais por ter desviado as doses, são servidores públicos. Os dois foram afastados das funções e um procedimento administrativo foi aberto. Caso seja comprovado o desvio, ambos serão exonerados.
O prefeito Paulo Piau pediu rigor na apuração dos fatos e punição aos culpados. Levantamento preliminar apontou que pelo menos 150 doses da vacina foram furtadas. A Prefeitura informou que vai aguardar novos posicionamentos da Polícia. A Secretaria de Saúde alertou ainda para o risco de vacinação fora dos locais adequados e sem os devidos cuidados médicos.