O filme Faroeste Caboclo, baseado na música da Legião Urbana e adaptado para o cinema por René Sampaio, pode parecer uma história bem brasileira, com violência, pobreza e diferenças sociais. Mas o longa, que fez sucesso no mercado doméstico, também se comunicou bem com a plateia do Festival de Toronto, onde teve sua sessão oficial na noite da terça-feira, em uma sala quase lotada. Para a exibição no festival, Faroeste Caboclo teve seu título traduzido para Brazilian Western.
Praticamente ninguém saiu durante a projeção do longa, uma raridade numa maratona cinematográfica como a de Toronto. Havia muitos brasileiros, claro, mas também vários estrangeiros. Ao final da exibição, houve uma sessão de perguntas e respostas com o diretor e o ator Fabrício Boliveira, que faz o protagonista João de Santo Cristo.
Diretor – Sampaio explicou para a plateia que havia muitos cortes possíveis na longa canção da banda brasiliense, e ele simplesmente escolheu falar da história de amor entre João e Maria Lúcia (Ísis Valverde). O cineasta estreante em longas também garantiu que participar do Festival de Toronto era seu sonho. "Sempre achei que o filme tinha a cara deste evento."
Ao final, uma espectadora disse que achava a visão de Faroeste Caboclo estereotipada, já que havia apenas um negro (o protagonista) entre os personagens. Todos os outros, de Maria Lúcia ao policial vivido por Antônio Calloni e os traficantes interpretados por César Troncoso e Felipe Abib, são brancos. René Sampaio apontou que tinha um problema com a palavra "estereotipado" e que aquela era uma amostra do Brasil. Ele também afirmou que Fabrício Boliveira foi escolhido para o papel de João por ser bom e não por ser negro.