A figura imponente de goleiro do futebol! Muitos conseguiram eternizar essa imagem, no imaginário do País da bola. Entre tantos fabulosos goleiros, escolhi um que com seu jeito impar marcou época no futebol de Anadia.
José Soares Sobrinho, o Zé Lito. Sua origem é a família Lucas, que muitas coisas boas em nossa terra plantaram. Seu pai, Manoel Lucas, uma figura inesquecível, homem forte, dono de uma força enorme, se caracterizou como um mestre na elaboração de quitutes, queijos, doces e guloseimas. Quem não lembra do suco de maracujá com pão doce de coco, na banca da feira de Anadia!
O Zé Lito começou a jogar bola na bucólica era dos apaixonados por futebol: Iraci Tenório, seu Rubens, Cordélio Maranhão e Luiz Cunha…
A disputa acirrada pela vaga começava a partir de casa, seu irmão – o Edvaldo, também era um grande goleiro. Zé Lito, sempre imponente, apesar da baixa estatura, se caracterizou pela sua habilidade, puro reflexo, agilidade e elasticidade, dono de uma elegância única ao voar para realizar uma defesa…
Quantas vezes evitou que Anadia fosse derrotada!
O palco era um chão de terra batida, as traves de madeira, poeira, vento, o sol no rosto, as cinzas como marcação da linha do campo e os labirintos como a divisória, ali amontoava-se o povo para assistir e delirar com o espetáculo, o futebol.
O nosso personagem herói, é uma figura legal, do bem, sempre gostou de jogar bem vestido, barba feita, um bigode característico, cabeleira cheia e arrumada. Embaixo da trave se transformava num gigante.
A vida tem sempre um roteiro a ser cumprido, Zé Lito protagoniza o seu, na época da loteria esportiva, chegou a ser milionário por 48 horas. Acertou com um grupo de amigo os 13 pontos. Do domingo até a terça-feira teve muitos sonhos. Quando saiu o resultado do rateio, que teve não somente ele, mas milhares de ganhadores, Zé Lito voltou à realidade.
A realidade bate a porta de todos nós viventes, mas os sonhos nos povoam a vida e sem eles não há como provar sabores doces ou amargos. O nosso craque goleiro, também se aventurou pela política, não obteve o merecido sucesso, chegando a ser chamado de "teimosinho" devido às sucessivas tentativas de se eleger a um cargo de vereador.
O reconhecimento é sempre tardio, levam-se anos e até gerações para o merecido mérito! Triste constatar e doloroso escrever.
Hoje, ausente dos campos, o grande goleiro continua sendo uma pessoa alegre, lutadora, rifando a sorte com seus sorteios de prendas que sempre realiza. Dando prosseguimento a tradição de seu pai, faz a alegrias de crianças, jovens e velhos com seus divinos pasteis, coxinhas e bolos.
Zé Lito, ao escrever sobre você, busco apenas fazer justiça ao cara que tive como ídolo no futebol, que na primeira vez em que joguei ao seu lado, de cara fiz um gol contra, coisas de novato, de quem não conhecia as manhas do futebol. Com o passar do tempo tive a grata satisfação de, em sua companhia como arqueiro do Esporte Clube Anadia (ECA), vivenciar tantas e inesquecíveis alegrias.
Agora posso afirmar que juntos, eu, você e outros amigos e apaixonados pelo futebol, editamos uma página gostosa de ler e rever na nossa terra Anadia.
(*) Ex-secretário de Estado e filho de Anadia