"Cale-se e me respeite", responde procurador da ALE a declarações de JHC

Nesta sexta-feira, 08, o procurador geral da Assembleia Legislativa de Alagoas, Fábio Ferrário, enviou à imprensa alagoana uma carta aberta contra as declarações do deputado João Henrique Caldas (PTN), que usou a tribuna para comentar os manifestos dos servidores da Casa de Tavares Bastos sobre o posicionamento de Ferrário dentro da casa.

Na ocasião, JHC afirmou que Ferrário não tinha legitimidade para exercer o cargo e disse ainda que sempre utilizará o plenário para informar a sociedade sobre os fatos que ocorrem na ALE.

Descontente com a postura do parlamentar, Fábio Ferrário decidiu divulgar uma carta aberta a toda imprensa de Alagoas.

Veja a carta na íntegra:

"Carta aberta ao Dep. subjudice João Henrique Caldas

Respeite-me que não lhe dei liberdade nem lhe dou ousadia

Conforme veiculado neste espaço, o Dep João Henrique Caldas, noticiou que, no Plenário, aliou-se ao manifesto dos servidores da Assembleia contra supostos atos arbitrários de minha autoria –- sem dizer quais -– e afirmou que não tenho legitimidade para o exercício da função, porque escolhido pela Mesa Diretora afastada.

De início, reafirmo, me respeite que não lhe dei liberdade para dirigir-se a mim, tampouco desse modo. Não o conheço, nem muito menos dei-lhe intimidade. Se supõe ser o valentão da hora, saiba que suas bravatas não me intimidam.

Se por acaso imagina que apequenou o Parlamento, não se iluda, a mim, sequer enfada.

Estou respondendo, não porque Vossa Excelência mereça um minuto da minha atenção, mas, em respeito a mim mesmo e a profissão cidadã que exerço, a qual não me permite calar neste momento ou ter receios de desagradar quem se acha senhor do bem e do mal.

Tenho a vida limpa, vivo honestamente do meu trabalho, trabalho muito e, diferentemente de V. Exa, não estou a procura de cargos.

Fui convidado para a Assembleia para fazer trabalho sério e o fiz, mesmo incomodando-o desde o primeiro momento, certamente porque, à exemplo de um pequeno gafanhoto, você buscava brilho fácil nas trevas em que acendi um lampejo verdadeiro da luz da transparência.

Com certeza, o real sentido e o enlace dos atos os quais denomina “arbitrários”, em muito fogem ao seu alcance mental, porquanto vossa desfocada concepção não o permitiu distinguir que as medidas sugeridas, e aceitas, foram voltadas à moralização, legalização e eficácia da Casa Tavares Bastos e aplaudidas pela opinião pública, por acertadas.

Se orientar a instalação de ponto eletrônico para controlar a jornada, se sugerir que o servidor passe a efetivamente trabalhar em razão da remuneração recebida, se sugerir a cessão de servidores ociosos para áreas carentes do Estado, se opinar em procedimento administrativo contra promoção de servidor que sequer poderia estar no cargo que ocupa é, no seu entender, sinônimo de “arbitrariedade”, V. Exa não apenas inverte, mas, principalmente, subverte conceitos e valores.

Aprenda agora o que não aprendeu em casa, garoto, a realidade da vida não se sustenta só com fantasias publicitárias. A postura necessita ajustar-se aos preceitos.

Lembre-se o que disse o Min. Carlos Brito: A silhueta da verdade só se assenta em vestidos transparentes.

E por falar em verdade, indago: Será que V. Exa não gostou da minha presença no Parlamento justamente porque em razão das orientações firmadas seus genitores estão respondendo a processo disciplinar por inassiduidade?!

A propósito, já que se arvora em defensor da moralidade, porque não diz à sociedade Alagoana e ao Ministério Público se as fichas de frequência de um dos seus pais, oriundas do seu gabinete, correspondem à verdade.

Responda para a sociedade Alagoana: Eles frequentavam a Assembleia diariamente fazendo jus aos altos salários recebidos, ou melhor afirmar que as condutas merecedoras de apuração somente são as alheias?!

Quando denunciou os médicos da ALE ao Fantástico, por que não disse que sua genitora veio como médica do Executivo para a Assembleia, através de um processo de anuência, que o STF já considerou inconstitucional, e igualmente não trabalhava?!

Na sequencia, por que não aproveita e diz também para a sociedade alagoana que sua genitora,enquanto servidora da Assembleia de Alagoas, era também oficial médica da PM e foi flagrada em processo de acumulação de um terceiro cargo na Secretaria da Saúde em Brasília, através do Processo Disciplinar n. 3207/07, do MP de Contas do DF. Será que tinha três empregos, Deputado, dois aqui e um lá?!

O Senhor acha certo ela ainda estar na Assembleia, lotada no seu gabinete, e o errado sou eu em tentar corrigir fatos desta natureza?!

Honestidade, senhor Deputado, não é atributo de cobrança em mão única!

Lembre-se, ainda, deputado, que quando anunciou a pleno pulmões que outro parlamentar estaria enganando a administração com uma aposentadoria fraudulenta, de imediato recomendei a abertura de uma investigação, e o Sr. silenciou e fugiu dela quando chamado a provar o alegado. E fugiu em razão de a sua acusação, na verdade, não ter passado de uma tergiversação aerófaga e meramente autopromocional.

Exatamente por essa postura, sem compromissos com erros e que não aceita cabrestos é que o incomodo e a tantos outros! Diga a verdade, é mais bonito!

Só lamento não ter voz no parlamento, pois gostaria de dizer-lhe tudo isso olhando nos seus olhos, diversamente do que V. Exa fez, até porque quando me encontra no corredores da Assembleia, corre para cumprimentos e tapinha nas costas, com sorriso fácil nos lábios.

Cale-se e me respeite!"

Atenciosamente

Fábio Ferrario

Advogado

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