Cerca de 20 milhões de brasileiros sofrem de azia

Rosemeri Bernardi - gastroenterologista
Rosemeri Bernardi – gastroenterologista

Dores no peito e sensação de queimação. Parece infarto, mas não é. Em alguns casos, a azia se apresenta de forma tão agressiva que o indivíduo chega a pensar que está com problemas cardíacos. Mas esse é o lado extremo do sintoma que pode indicar a existência da doença do refluxo gastro-esofágico. O refluxo é fisiológico (natural), mas a partir de certa duração, frequência e intensidade, pode passar a ser patológico.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 20 milhões de pessoas sofrem de azia quase todos os dias. Ocasionalmente, esse sintoma pode atingir até 35% da população mundial. “A azia é o refluxo ácido que sobe do estômago para o esôfago. Como a mucosa do esôfago não é preparada para receber ácido, ela é agredida, causando então a queimação”, disse a gastroenterologista da Santa Casa de Maceió, Rosemeri Bernardi.

A azia costuma surgir nas duas primeiras horas depois da refeição, especialmente quando a pessoa ingere alimentos gordurosos, deita-se logo após, come muito e faz refeições acompanhados de grande quantidade de líquidos. Entre outros sintomas clássicos está o gosto ácido na boca, dor retroesternal (atrás do osso externo no tórax), crises de asma, tosse crônica, crises de faringite, laringite etc.

Além desses sintomas, podem surgir as complicações da doença do refluxo: erosões e ulcerações no esôfago, diminuição do diâmetro esofágico causando dificuldade para deglutir os alimentos (disfagia por estenose) e o chamado esôfago de Barrett, caracterizado por alterações específicas da mucosa do órgão, ocasionando aumento na probabilidade de câncer.

“A azia é só um dos sintomas da Doença do Refluxo. Ela é uma doença multifatorial. Há um relaxamento na musculatura esofágica (esfíncter esofágico) favorecendo o refluxo. Quem tem hérnia de hiato também sofre com o problema. Nos bebês, essa condição se processa de forma diferente, com o refluxo sendo algo temporário”, explicou a médica da Santa Casa de Misericórdia.

Para o diagnóstico de refluxo, a endoscopia digestiva alta é o primeiro exame a ser realizado. Caso o resultado seja negativo, mas a suspeita continuar, existem outros exames como o a pHmetria esofágica , onde um aparelho com uma sonda capta o pH esofágico de 24 horas.

Quando o refluxo é diagnosticado, o paciente terá dois caminhos para o tratamento: o convencional (medicamentoso e dietético) e o cirúrgico, por meio da fundoplicatura, indicada nas intratabilidades clínicas e hérnias hiatais.

Para diminuir os sintomas, os especialistas indicam mudanças no dia-a-dia dos pacientes. Uma delas é elevar a cabeceira da cama a uma altura de 15 a 20 centímetros (muitos usam livros como calços ou pedaços de madeira). Isso dificulta a subida de suco gástrico pelo esôfago. Usar um travesseiro anti-refluxo também costuma reduzir os sintomas.

Alimentos gordurosos, frutas cítricas, refrigerantes, menta e hortelã, bebidas a base de cafeína(como café e chá preto), bebidas alcoólicas, além do cigarro devem ficar fora da rotina de quem tem sofre com a azia. Ir a academia com estômago cheio também favorece o refluxo, principalmente em alguns tipos de exercícios, como os abdominais. A Dra. Rosemeri lembra ainda que a doença tem aspecto crônico, por isso a necessidade de acompanhamento médico.

Fonte: Ascom/

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