Os gastos dos brasileiros no exterior bateram recorde em todo ano passado, apesar da alta do dólar. Segundo os números divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (23), as despesas lá fora somaram US$ 25,6 bilhões em 2014.
Até o momento, o maior valor de despesas no exterior, para um ano fechado, havia sido registrado em 2013, de US$ 24,98 bilhões. A série histórica da autoridade monetária para este indicador tem início em 1947.
Segundo economistas, a alta das despesas no exterior está relacionada com o aumento do emprego e da renda no Brasil – apesar de a economia brasileira estar praticamente estagnada em termos de expansão do Produto Interno Bruto (PIB).
Alta do dólar impacta preços
O dólar mais alto encarece as passagens e os hotéis cotados em moeda estrangeira, além dos produtos comprados lá fora. O dólar mais alto também encarece os gastos com cartões de crédito e débito no exterior.
O dólar terminou 2014 cotado a R$ 2,6587 para a venda, o que representa uma alta de 12,78% no ano, uma vez que, no fim de 2013, a moeda norte-americana era negociada a R$ 2,3575.
Alta do IOF
As despesas de brasileiros no exterior bateram recorde no acumulado deste ano mesmo com adoção, no fim de 2013, de medidas para conter esses gastos.
A alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) – incidente nos pagamentos em moeda estrangeira feitos com cartão de débito, saques em moeda estrangeira no exterior, compras de cheques de viagem (traveller checks) e carregamento de cartões pré-pagos – foi elevada de 0,38% para 6,38% no fim de 2013.
Com isso, essas operações passaram a ter a mesma tributação dos cartões de crédito internacionais.
Histórico de gastos
Em 2013, os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 24,98 bilhões, contra US$ 22,2 bilhões no ano anterior. Em 2011, as despesas dos nossos turistas lá fora haviam somado US$ 21,2 bilhões.
Até 1994, quando foi criado o Plano Real para conter a hiperinflação no país, os gastos de brasileiros no exterior não tinham atingido a barreira dos US$ 2 bilhões. Mas, naquele ano, quando o real foi ao equiparado ao dólar, as despesas somaram US$ 2,23 bilhões. Entre 1996 e 1998, elas oscilaram entre US$ 4 bilhões e US$ 5,7 bilhões.
Com a maxidesvalorização cambial de 1999 e o dólar ultrapassando R$ 3 em um primeiro momento, as despesas lá fora também ficaram mais caras. Os gastos voltaram a recuar e ficaram, naquele ano, próximo de US$ 3 bilhões.