O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2015 divulgou em sua página nesta segunda-feira (26) a lista de nomes convocados na primeira chamada do processo seletivo.
A chamada para mais de 205 mil vagas em todo o País pode mudar a vida (e o endereço) de estudantes como a baiana Rosângela Barros, de 18 anos, que concorre a uma vaga no curso de química da Universidade Federal de Pelotas e para a Universidade Federal dos Pampa, ambas no Rio Grande do Sul.
Se passar, seu destino universitário estará a mais de 3.200 quilômetros de sua casa. Decidida em estudar em outro Estado, Rosângela acredita que a mudança ajudará no seu crescimento. "Vou ter de me desprender de toda regalia que meus pais me dão para trilhar com os meus próprios esforços", diz.
Para o professor Alex Sander Barros, coordenador do cursinho Poliedro, a decisão de se matricular em uma instituição longe de casa exige condições financeiras e psicológicas. "O estudante precisa pensar se tem condições financeiras de viajar e se manter por lá, ao menos durante um tempo. Se tem condições psicológicas, se tem maturidade para sair de casa e abandonar a família", aponta.
É a questão psicológica que causa dúvidas para Bruna Alves, de 17 anos. Moradora de Marília (PR), ela se inscreveu para duas vagas em federais do Mato Grosso do Sul, onde tem familiares.
"Não sei se devo mesmo ir e deixar meus pais. Vai ser uma reviravolta ter de tomar minhas próprias decisões e resolver todos os problemas", comenta. Sua outra possibilidade seria estudar por mais um ano e tentar novamente o vestibular da Universidade Estadual de Marília.
O iG conversou com professores de cursinho para tirar as principais dúvidas de quem se candidatou pelo Sisu.
– Fui convocado pela universidade. Como faço a matrícula?
A página do Sisu funciona apenas para a inscrição no processo seletivo. Para fazer a matrícula, o estudante convocado deve procurar o instituto ou a universidade em que estudará e ver quais são os procedimentos para matrícula (documentos necessários, se é preciso foto e se a matrícula precisa ser feita presencialmente, entre outras coisas).
A matrícula deve ser feita entre os dias 30 de janeiro e 3 de fevereiro. "O Sisu é apenas o começo do processo. O aluno tem que estar atento para não perder a vaga", salienta a orientadora educacional do Cursinho da Poli, Alessandra Venturi.
– Passei em um curso que não era minha primeira opção. O que faço?
Ao contrário do que acontece em vestibulares tradicionais, no Sisu o estudante se inscreve no curso quando já sabe qual foi seu desempenho no Enem. Isso leva muitos candidatos a mudarem a opção do curso conforme a nota de corte e assim deixar de lado o sonho de engenharia, por exemplo, e acabar convocado em um curso de letras.
"Se o curso que o aluno escolheu como alternativa tem a ver com a área que deseja, faz sentido tentar se matricular na universidade. Agora se ele queria engenharia e foi parar em direito, isso pode ser um sofrimento por cinco anos", indica Barros.
Foi o que aconteceu com Vanessa Andrade, de 20 anos. Apesar de ter o sonho de estudar medicina, ela já frequentou aulas de engenharia civil no Instituto Federal do Ceará e também fez dois semestres de administração na Universidade Federal do Ceará. Nas duas vezes, tentou aproveitar seu bom desempenho no Enem para entrar na vida universitária. Não deu certo. Em 2014, ela fez pela quarta vez o Enem para tentar medicina novamente.
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– Passei em uma federal que fica em outro Estado. Vale a pena mudar de cidade?
"Sempre vale a pena ir para a universidade. Se o aluno não quiser essa vaga, terá de estudar mais um ano ou vai acabar desistindo do plano de fazer ensino superior", considera Barros. No entanto, o coordenador do Poliedro lembra que não adianta se matricular em um curso longe de casa antes de pensar se você terá condições de cursá-lo por quatro ou cinco anos.
A orientadora educacional do Cursinho da Poli, Alessandra Venturi, ressalta a necessidade de pesquisar antes de tomar a decisão. "O aluno tem que ver se a universidade tem casa do estudante, se dá bolsa-moradia, quais são os auxílios que oferece e quanto tempo isso demora. Não adianta ir e depois ter que voltar porque não tem condições de se manter."
Para isso, é importante checar se o candidato tem condições financeiras ou apoio para se manter em outra cidade e se está preparado para deixar para trás a família, os amigos, namorado e tudo o que ficar em sua cidade.
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– Passei em uma federal longe de casa e em uma particular na minha cidade. E agora?
As bolsas do ProUni (programa federal de bolsas de estudo) e o crédito barato do Fies (programa federal de financiamento) podem tornar comparáveis financeiramente a vaga em uma particular e em uma federal. Neste caso, é hora de usar outros critérios: qualidade do curso, seu currículo e a cidade.
"O candidato primeiro tem que ver qual instituição tem o melhor curso e o currículo que mais está afinado com o que ele quer estudar. Por fim, ele tem que pensar na cidade. Dependendo do curso dele, é melhor estar em uma cidade grande que em uma no interior. Se ele vai fazer engenharia, por exemplo, talvez seja melhor estar em uma grande cidade e fazer estágio em uma boa empresa que passar quatro anos sem estagiar", diz o coordenador do Poliedro.
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– Não passei. Ainda consigo entrar na faculdade pela lista de espera?
A primeira coisa a esclarecer é que a lista de espera não é automática. Quem não foi convocado na primeira chamada para seu curso de primeira opção, tem que demonstrar interesse em participar da lista de espera na página do Sisu. O candidato pode fazer isso entre o dia 26 de janeiro e o dia 6 de fevereiro.
E dá para ter esperança na lista de espera? Isso varia muito de curso para curso e de faculdade para faculdade. "Como regra geral, eu costumo dizer que se a posição que ele ocupa é menor que duas vezes a quantidade de vagas vale ficar na lista de espera", afirma Marcelo Carvalho, coordenador do cursinho Etapa.
As convocações da lista de espera serão divulgadas a partir do dia 11 de fevereiro nas páginas das instituições.
– Não passei no Sisu. Ainda posso usar o Enem para entrar na faculdade mesmo sem ter dinheiro?
O candidato que fez o Enem 2014 e conseguiu mais de 450 pontos de média nas provas objetivas e teve nota superior a zero na redação pode concorrer ainda a bolsas de estudo pelo ProUni ou se candidatar ao financiamento federal pelo Fies.
Neste ano, o ProUni reúne 200,5 mil bolsas parciais e integrais em instituições de ensino superior (consulte aqui). Para concorrer, o estudante precisa ter renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até três salários mínimos e ter feito o ensino médio em escola pública ou em escola privada como bolsista.
O Fies oferece cobertura da mensalidade a juros de 3,4% ao ano e o contratante só começa a quitar o financiamento 18 meses depois de formado. Para obter crédito estudantil pelo programa é preciso consultar a sua instituição de ensino superior de interesse para saber se ela tem convênio com o Ministério da Educação.