Os grupos que entraram em evidência nos últimos anos e foram responsáveis por ataques recentes em várias partes do mundo têm perfil e objetivo bem diferentes daqueles que atuavam no Oriente Médio até a década de 1990 e o começo dos anos 2000.
Para o mestre em estudos regionais do Oriente Médio e professor da Faculdade Armando Álvares Penteado (Faap) Jorge Mortean, grupos como o Boko Haram, Estado Islâmico e a Al Qaeda “pertencem a contextos históricos totalmente distintos” de outros como a Irmandade Muçulmana, o Fatah, Hamas e Hezbollah.
A seguir, saiba mais sobre cada grupo, em reportagem da Agência Brasil
Irmandade Muçulmana
Surgiu no Egito como uma espécie de sociedade beneficente no início do século 20. Na segunda metade do século, passou a ocupar o vácuo deixado pelo governo nos serviços públicos, aumentando seu poder social
Na opinião do professor e especialista em Oriente Médio Jorge Mortean, "não se pode dizer que seja uma força terrorista", mas sim "conservadora". Tem diversas correntes, algumas mais radicais
Hezbollah
Surgiu no Líbano como um partido político entre os anos de 1978 e 1982. É ligado à vertente xiita muçulmana concentrada na região sul do país, na fronteira com Israel. Apesar da atuação mais política, o Hezbollah manteve durante muito tempo um braço armado de resistência à invasão israelense no Líbano, praticou atentados à bomba e coordenou operações paramilitares contra Israel
Desde a saída de Israel do Líbano, em maio de 2000, os ataques contra civis cessaram. O único episódio de maior violência foi registrado em 2006, quando o Hezbollah entrou em conflito com o Exército israelense na região da fronteira
Fatah
Nasce como organização política em defesa da Palestina, em 1959, e tem um pico de uso da violência com o aumento da pressão de Israel
Nesse ponto, coordena ataques à bomba e atentados terroristas, mas recua no uso da violência e volta a focar mais na atuação política nos momentos de cessar-fogo e alívio da tensão na região. Atua na Palestina e compõe a OLP (Organização para Libertação da Palestina)
Hamas
Tem atuação paramilitar usada, geralmente, em resposta às ações de Israel sobre a Palestina. Sua motivação não é ligada à religião, mas à criação do Estado Palestino e à resistência à ocupação israelense. "Há muito não se vê mais provocações desse grupo como atentados à bomba em Tel Aviv", diz o geógrafo Jorge Mortean
Foi criado em 1987, na Palestina, onde ainda atua como organização política e mantém uma instituição beneficente. Alguns países ocidentais, como o Canadá e os EUA, consideram o Hamas uma organização terrorista. Para outros países, como a Inglaterra, apenas o braço armado da organização é considerado terrorista. O Brasil não considera o Hamas uma organização terrorista
Boko Haram
Atua mais ao norte da Nigéria. Surgiu nos anos 2000 e prega um fundamentalismo islâmico que é rejeitado pela maioria dos próprios muçulmanos