Três anos após a morte da filha adolescente Eloá Cristina Pimentel, a recepcionista Ana Cristina Pimentel da Silva, de 45 anos, afirma que tem medo de que o acusado do crime – Lindemberg Alves Fernandes, à época namorado da vítima – volte a agredir outras mulheres.
– Eu não sinto mágoa dele. Eu tenho tristeza pelo que ele fez, mas não desejo mal para ele. Mas, no dia em que ele for solto, ele pode fazer isso com outra. Ele está perturbado.
Mesmo afirmando não sentir raiva de Lindemberg, a mãe de Eloá diz desejar que ele seja julgado e punido pelos crimes dos quais é acusado: assassinato de Eloá, tentativa de homicídio da também adolescente Nayara Rodrigues da Silva e do sargento Atos Valeriano e sequestro e cárcere privado de menores de 18 anos.
Além da filha de Ana Cristina, Lindemberg manteve Nayara e outros dois adolescentes reféns. Esses dois últimos foram libertados no mesmo dia do início do sequestro. Eloá foi morta em outubro de 2008 no bairro de Jardim Santo André, em Santo André, no ABC paulista. Na época, a adolescente tinha 15 anos. Antes de ser assassinada, ela foi mantida refém por Lindemberg por mais de cem horas.
Depoimento de Lindemberg dura dez minutos
Ana Cristina conta que, antes do crime, tinha uma boa relação com o acusado, tendo-o como um filho. Mesmo após o assassinato de Eloá, que ficou sob a mira de um revólver dentro de sua própria casa, a recepcionista ainda esperava algum tipo de arrependimento do rapaz – o que, segunda ela, não aconteceu.
– Na última audiência que teve [em março de 2011], ele riu demais de mim e dos meus filhos. Eu achei que ele estaria arrependido, mas ele não estava. Isso me deixa muito triste.
Apesar de toda a angústia que a família passou durante o cárcere e após a morte da jovem, Ana Cristina diz que tenta lembrar só dos momentos bons que passou ao lado da filha.
Julgamento
A mãe de Eloá ainda não sabe se será convocada para participar do julgamento de Lindemberg, que está previsto para começar no dia 13 de fevereiro, no Fórum de Santo André.
Segundo Ana Cristina, seu filho mais velho e o mais novo já foram chamados para depor no julgamento. O pai de Eloá, que é ex-policial militar e cumpre pena em um presídio do Nordeste por suspeita de integrar um grupo de extermínio, também não foi convocado até o momento.
Cárcere
No início da tarde de 13 de outubro de 2008, Lindemberg Alves invadiu o apartamento de sua ex-namorada Eloá Pimentel. Testemunhas disseram que ele estava tomado de ciúmes. No local, Eloá estava acompanhada por Nayara e por outros dos amigos da escola. O grupo fazia um trabalho do colégio. Com uma arma, Lindemberg deu início ao cárcere privado. A polícia foi chamada poucas horas após a invasão.
As negociações entre a polícia e Lindemberg duraram quatro dias. Nesse período, Nayara chegou a deixar o imóvel, mas voltou ao local a pedido da polícia para ajudar nas negociações, que foram realizadas até o início da noite do dia 17 de outubro daquele ano. Integrantes do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) da Polícia Militar alegam que invadiram o apartamento após terem ouvido um tiro. Eloá teve morte cerebral confirmada por um hospital um dia depois do crime. Nayara levou um tiro no rosto e se recuperou completamente.
Everaldo Pereira
O ex-cabo da Polícia Militar de Alagoas, Everaldo Pereira dos Santos, pai da adolescente Eloá Cristina Pereira Pimentel, é acusado de participação do assassinato do delegado Ricardo Lessa, crime ocorrido em outubro de 1991, em Maceió. Parte dos documentos já havia sido enviada no início da semana, via e-mail e fax, à polícia paulista.