O International Tennis Hall of Fame & Museum anunciou nesta quinta-feira o que já era certo desde o início da semana: Gustavo Kuerten fará parte do Hall da Fama. Em evento realizado na sede do Banco do Brasil, em São Paulo, a entidade americana oficializou a aprovação do maior representante da história do tênis masculino do País, tricampeão de Roland Garros e ex-número 1 do mundo.
Durante o evento, o ex-tenista foi homenageado com um vídeo que passou grandes momentos de sua vitoriosa carreira e não conteve a emoção. Guga chorou bastante ao ver a cena do dia em que anunciou sua despedida das quadras, em 2008. Emocionado, o ex-atleta lembrou do pai, Aldo Kuerten, que morreu por conta de um ataque cardíaco quando Guga tinha oito anos de idade. O ex-tenista também citou a família e o treinador Larri Passos, com quem viveu os melhores momentos como profissional.
O Hall da Fama havia dado todos os indícios da inclusão de Kuerten no seleto grupo de tenistas de maior destaque na história na última segunda-feira, quando anunciou a presença de Guga em São Paulo nesta quinta. A informação, porém, não era confirmada. "Temos a honra de convidá-lo para o evento de anúncio Hall of Fame 2012 – Gustavo Kuerten", constava no convite enviado à imprensa, com uma foto de Guga levantando a taça de Roland Garros em 2001, pela terceira vez na carreira.
"Representantes do International Tennis Hall of Fame & Museum localizado em Newport, Rhode Island, EUA, estarão em São Paulo para fazer um anúncio especial. O Hall of Fame homenageia os maiores campeões do tênis e preserva a história do esporte", aparecia no convite. Apesar da confirmação de que Guga fará parte do Hall da Fama, a entrada do brasileiro no seleto grupo de tenistas só será oficializada em julho – quando a entidade incluirá novos nomes à atual lista.
Relembre a carreira:
Representante de resultados mais expressivos do tênis masculino brasileiro, o catarinense encerrou a brilhante carreira oficialmente em junho de 2008. Na lista de conquistas de Guga se destacam os três títulos de Roland Garros (1997, 2000 e 2001), a Masters Cup de Lisboa (2000) e as 43 semanas que permaneceu como líder do ranking de entradas da ATP (entre 2000 e 2001).
O currículo de Gustavo Kuerten, no total, é preenchido por 20 troféus de simples (14 deles sobre o piso de saibro) em 29 finais disputadas e oito torneios de duplas. Além do Grand Slam francês e da Masters Cup portuguesa, foram cinco títulos dos então Masters Series (hoje Masters 1000): Roma (1999), Monte Carlo (1999 e 2001), Hamburgo (2000) e Cincinnati (2001).
Segundo brasileiro:
Antes do catarinense de cabelos desgrenhados e uniforme chamativo, que chegou a Paris em 1997 como 66º do ranking e deixou a capital francesa como campeão de Roland Garros, o Brasil teve outra representante de enorme êxito dentro das dez linhas: Maria Esther Bueno, que, como ela mesma gosta de dizer, "colocou o tênis do Brasil no mapa". A paulistana, hoje com 71 anos, conquistou entre 1958 e 1968 um total de 19 Slams, sendo sete em simples (três dos quais foram vencidos em Wimbledon, em 1959, 1690 e 1964, considerado à época o "Campeonato Mundial").
Maria Esther Bueno deixou de competir em alto nível em 1967, quando sofreu uma grave lesão no cotovelo direito depois de disputar 100 games em um mesmo dia, num espaço de dez horas, em partidas de duplas e duplas mistas em Wimbledon. Ela ainda tentou atuar no circuito, já profissional, até 1977, ano em que anunciou sua aposentadoria. Em 1978, passou a compor o Hall da Fama.
A entrada de Guga também aumentou a modestíssima lista de sul-americanos no grupo: além dos brasileiros Kuerten e Maria Esther, compõem o rol de lendas do tênis os argentinos Guillermo Vilas e Gabriela Sabatini, o peruano Alex Olmedo e o equatoriano Francisco "Pancho" Segura Cano.
Entenda o Hall da Fama:
Organização sem fins lucrativos, interessada em preservar a história do tênis e independente das principais instituições que regem o esporte (como ITF, ATP e WTA), o International Tennis Hall of Fame & Museum foi fundado em 1955 e desde então, já "imortalizou" 220 (com Guga, 221) representantes que marcaram a modalidade. Nos primeiros 20 anos de existência, a entidade apenas condecorava atletas dos Estados Unidos.
Atualmente, para que um novo representante adentre a lista de "imortais" do tênis, faz-se necessário cumprir três pré-requisitos, além de passar por uma votação: ele precisa ter atuado nos últimos 20 anos antes da indicação; possuir uma lista de conquistas no mais alto nível internacional e haver sempre prezado por integridade, caráter e espírito esportivo; e não ter obtido resultados significativos nos cinco anos que antecedem a indicação. Cumprida essa lista, o postulante passa por uma votação, precisando receber um índice de 75% de aprovação.
Para 2012, o Hall da Fama havia aberto votação para as entradas de outros dois tenistas que também lideraram o ranking e conquistaram três títulos de Grand Slam há menos de 15 anos: a americana Jennifer Capriati e o russo Yevgeny Kafelnikov – que ficou marcado por ser um dos principais "fregueses" de Guga (embora o retrospecto seja relativamente equilibrado, com sete vitórias de Kuerten em 12 confrontos, o europeu caiu nas quartas de final de Roland Garros nas três campanhas vitoriosas do catarinense no Grand Slam francês). A entidade não informou se a dupla também entrará na lista.