Os ambientes climatizados fazem parte do cotidiano da maioria das pessoas. Nas grandes cidades, as empresas, restaurantes, clínicas, hospitais, shoppings, áreas de lazer, hotéis, residências e vários outros espaços contam com condicionadores de ar e centrais de climatização. Mas como anda a manutenção destes equipamentos? Qual é a qualidade do ar que respiramos em locais fechados e climatizados?
Por conta de vários levantamentos feitos no Brasil, revelando que as centrais de climatização são instaladas e muitas vezes esquecidas, sem passar pela necessária limpeza e manutenção, a Vigilância Sanitária publicou, em 2003, a resolução nº 9, que estabelece padrões para o controle da qualidade do ar nestes ambientes.
Laboratório especializado
A Universidade Federal de Alagoas conta com o Laboratório de Ambientes Climatizados que oferece serviços para atender aos empresários e gestores públicos que necessitam adequar seus estabelecimentos às novas normas. O laboratório, instalado no Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, tem uma equipe formada por profissionais das áreas de Ciências Biológicas, Ciências Biomédicas, Química, e professores doutores em Microbiologia Aplicada e Biologia Molecular de Fungos pela UNESP e UFPE.
Eurípedes Alves, doutor em biologia de Fungos pela UFPE e professor do ICBS, explica que o laboratório está capacitado para emitir laudos com a avaliação do ambiente, analisando a quantidade fungos, a concentração de gás carbônico, a temperatura, umidade relativa do ar, ventilação e concentração de poeira. “São condições que devem ser controladas para evitar que o local de trabalho ou estabelecimento comercial se tornem causas de doenças alérgicas e outras ameaças para a saúde coletiva”, alerta o pesquisador.
O coordenador do Laboratório de Ambientes Climatizados informa também que o trabalho realizado pela Ufal já conta com alguns parceiros, que realizam análises periódicas para manter a qualidade do ar. “São unidades hospitalares, instituições educacionais, supermercados e empresas de vários segmentos que estão atentos às normas e a necessidade de manter um ambiente saudável para os frequentadores do local”, ressalta Eurípedes Alves.
O ideal, segundo o pesquisador, é que o laudo seja emitido a cada seis meses, tanto para evitar as multas previstas na normatização quanto para garantir a saúde coletiva, que é o mais importante, afinal, são ambientes onde boa parte dos trabalhadores passa até 8 horas por dia. “Quando o ambiente está contaminado por fungos e bactérias, pode ocasionar renites, bronquites, pneumonias, alergias e outras doenças respiratórias”, destaca o biólogo.
Os recursos obtidos pelo Laboratório, que são captados pela Fundação de Amparo a Pesquisa (Fundepes), são revertidos para fomentar pesquisas, adquirir equipamentos e contribuir com a formação de pesquisadores. “A tendência é que a fiscalização da Vigilância Sanitária nas empresas se torne cada vez mais rigorosa e é preciso capacitar profissionais para atender à demanda crescente”, diz o professor.
Estudos sobre qualidade do ar
Além de oferecer o serviço para as empresas de controle de qualidade do ar, o laboratório tem fomentado pesquisas importantes nesta área. “Temos duas teses de mestrado sobre o assunto, analisando a qualidade do ar nas salas de cirurgias e na UTI Neonatal do Hospital Universitário. Hoje quando se fala de bactérias resistentes a antibióticos, é muito importante aprofundar a pesquisa sobre essas micotoxinas”, alerta o pesquisador.
As teses e dissertações mais recentes, orientadas pelo professor Eurípedes Alves, são: “Epidemiologia molecular de beta-lactamases de espectro estendido (ESBL) e carbapenemase KPC produzidas por enterobactérias isoladas de pacientes de Alagoas”, da aluna Luana Pires; “Identificação de bactérias patogênicas isoladas na Unidade de Emergência do Agreste – AL através de PCR de amplo espectro e sequenciamento de rRNA 16S”, do aluno Daniel Gomes Coimbra; e “Avaliação do risco de infecção cruzada através das linhas d´água dos equipos odontológicos na rede pública estadual de Alagoas”, da aluna Guacyra Machado.
O grupo de pesquisa de Biologia Celular e Molecular conta ainda com a participação de cinco alunos da graduação e três de pós-graduação. “Temos várias pesquisas em andamento, que poderão servir para orientar ações de controle de riscos de contaminação em empresas públicas e privadas”, informa o professor.