PF investiga relação de secretários do DF com grupo de Cachoeira

Empresa tem R$ 490 milhões em contratos com DF e ligações com bicheiro.

Andre Coelho/ Ag. Globo Joedson Alves/AE)Demóstenes e Carlos Cachoeira usavam telefones codificados para garantir a privacidade de suas conversas

Demóstenes e Carlos Cachoeira usavam telefones codificados para garantir a privacidade de suas conversas

As gravações da Polícia Federal na operação Monte Carlo revelaram um encontro de integrantes da quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar um esquema de jogo ilegal em Goiás, com com dois secretários do governo do Distrito Federal.

Em uma conversa gravada com autorização da Justiça no dia 6 de abril do ano passado, o então diretor da empresa Delta, Cláudio Abreu, comenta com Idalberto Matias, o Dadá, um dos principais auxiliares de Cachoeira, que vai ter um encontro com o “número 1 ou numero 2”.

“Não fala nada pra ninguém, mas amanhã vou ter um jantar com um 1 ou com o 2. Acho que é o número 2”, diz Abreu para Dadá.

No dia seguinte, como mostra uma conversa publicada nesta sexta-feira (13) pela revista “Veja” na internet, Cláudio Abreu teve um jantar com o secretário de Governo do DF, Paulo Tadeu, e o secretário de Saúde, Rafael Barbosa. O representante da Delta liga para Cachoeira do restaurante.

“Estou aqui no restaurante esperando o Rafael e o Paulo Tadeu. Os dois vêm cá para amarrar os bigodes comigo. Vamos ver como é que vai ser”, diz Abreu. Cachoeira responde: “Marca uma coisa com ele amanhã aqui em Goiânia”.

O representante da Delta pede para adiar o compromisso. “Não, vamos fazer semana que vem”, responde.

O porta-voz do governo do DF, Ugo Abreu, admitiu o encontro e disse que se tratou de uma reunião de trabalho, apesar de a reunião ter sido feita fora dos gabinetes oficiais e do horário de expediente. A empresa Delta tem contratos de R$ 490 milhões para serviço de limpeza urbana no DF.

“O secretário de Saúde foi coordenador da campanha do governador Agnelo Queiroz, a campanha eleitoral. A informação que eu tenho é que a empresa estava com dificuldade de marcar audiência com o secretário Paulo Tadeu e recorreu ao coordenador da campanha, que fez a ponte e acompanhou o jantar por conta disso”, disse Braga.

Em nota, Paulo Tadeu disse que nunca houve tráfico de influência da empresa dentro da Secretaria de Governo e que nunca esteve com Cachoeira ou com alguém a pedido dele.

"Todos os assuntos que foram tratados lá foram assuntos republicanos. Nada que possa nos envergonhar", disse o secretário Paulo Tadeu.

O secretário Rafael Barbosa também negou tráfico de influência. “Eu não sou intermediário, eu sou secretário de Estado da Saúde. Me relaciono nesta cidade há muito tempo com várias pessoas. Não tenho nada a ver com área de construção, área de lixo.”

Ao ser perguntado sobre o jantar com Cláudio Abreu, o secretário saiu andando sem responder. Mais tarde, ele divulgou uma nota reconhecendo o encontro em que diz que Cláudio Abreu estava preocupado com problemas no serviço de limpeza urbana, mas que não poderia fazer nada, já que era responsável pela área de saúde.

Demissão

Esta semana, o chefe de gabinete do governador Agnelo, Claudio Monteiro, pediu demissão depois que o Jornal Nacional mostrou escutas telefônicas que mostram o então diretor da Delta sugerir o pagamento de propina para Claudio Monteiro.

“Oitenta por cento das gravações que vêm aparecendo na operação Monte Carlo dizem respeito a reclamações desse grupo sobre pleitos e coisas que eles tentam no governo e não conseguem”, disse o porta-voz do GDF.

Fonte: G1

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