A arte alagoana está de luto. Morreu às 6h40, desta segunda-feira (28), em Boca da Mata, aos 101 anos, o escultor Manoel Cavalcante de Almeida, o Manoel da Marinheira.
Nascido em um sítio, em 4 de novembro de 1910, filho de Maria Justina de Almeida e Liberalino de Almeida, desde criança herdou do pai – que trabalhava esculpindo santos em madeira -, a paixão pela arte em escultura.
Usando como matéria-prima troncos de jaqueira, Marinheira conseguiu confeccionar durante anos de labuta centenas de peças, retratando animais da fauna brasileira, com destaque para os felinos. O talento do artista fez com que suas obras o tornassem conhecido nacionalmente. Exemplo disso é uma onça suçuarana, exposta no Memorial da América Latina, em São Paulo.
Casado por duas vezes, o artista teve 20 filhos, dos quais cinco – André, Antonio, Maria Cícera, Manuel e Severino – seguiram o seu ofício. Distante das ferramentas (martelos e talhadeiras) há muitos anos e esquecido pelo Poder Público, “Seu Manoel”, considerado um patrimônio vivo do Estado, continuava morando com a família em Boca da mata, com saúde frágil, debilitado e em dificuldade financeira. Seu Manoel deixa 36 netos e seis bisnetos.
Quem quiser conferir a obra do velho artesão pode ir ao museu que leva o nome dele, situado no balneário Águas de São Bento, na Fazenda Bento Moreira, em Boca da Mata. O acervo possui cerca de 700 peças, que pertencem à coleção do empresário Jorge Tenório.
O sepultamento de Manoel da marinheira ocorrerá nesta terça-feira (29), às 9h, no cemitério público do município de Boca da Mata. O poder executivo decretou luto oficial por três dias.