Um ato ecumênico foi realizado, neste sábado (2), no mesmo local onde o corpo do jornalista Tim Lopes foi encontrado há 10 anos, na Pedra do Sapo, no Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio. O evento contou com a presença de amigos, parentes e da irmã do jornalista, Tânia Lopes.
Tim Lopes foi torturado e morto, em 2002, quando fazia uma reportagem sobre exploração sexual infantil na favela da Grota, no Alemão. De lá para cá, a região passou por muitas mudanças, entre elas, a pacificação. O ato foi celebrado por um evangélico, um frei e um sacerdote do candomblé.
“Esse ato ecumênico era um desejo que a família tinha há muitos anos. Eu acredito que aqui ainda tenha restos mortais dele, então esse ato foi para purificar esse local”, disse Tânia, acrescentando que a morte de seu irmão não foi em vão e muitas coisas já mudaram nesses 10 anos.
Ao longo da caminhada, os representantes religiosos cantaram músicas evangélicas e de candomblé, ao som do agogô. Segundo o Frei Davi, a caminhada foi realizada para lembrar todo sofrimento que o jornalista passou.
Quando chegou na Pedra do Sapo, foi estendido um pano colorido que, de acordo com Frei Davi, simboliza a paz na cultura africana. Depois, os amigos de Tim, os jornalistas e moradores do local acenderam 51 velas, que representavam cada ano que o jornalista viveu. Ao final da cerimônia, Frei Davi declarou que deveriam pedir ao prefeito que naquele local fosse construído o memorial Tim Lopes.
Antes da caminhada, os moradores da comunidade puderam assistir uma apresentação do grupo AfroReggae no Campo do Sargento.
Homenagens
Os dez anos da morte do jornalista são lembrados neste sábado com uma série de homenagens, no Alemão. “Valeu, Tim Lopes” é o nome do evento que acontece neste sábado no Campo do Sargento. Um varal foi estendido com 3.653 lenços brancos, que marcam cada dia passado desde a morte de Tim. A idéia partiu da irmã do jornalista, Tânia Lopes. "É uma celebração. A celebração da liberdade, a celebração da paz e de uma vida digna para essas pessoas", disse a irmã.
Serviços para a população
Além disso, o governo do estado montou tendas para prestação de serviços como retirada de documentos e atendimento médico, conforme mostrou o RJTV.
A mãe do jornalista se emocionou ao chegar à comunidade. "Está muito bonito, está muito lindo para o meu filho que está lá em cima", disse Maria do Carmo Lopes.
Dez anos depois, o Conjunto de Favelas do Alemão foi pacificado. Quatro Unidades de Polícia Pacificadora já foram instaladas na região. A homenagem acontece até as 19h e tem o apoio do AfroReggae, que realiza um trabalho social na comunidade.