Ex-chefe de gabinete de Perillo não irá depor à CPI do Cachoeira

Crise de pressão alta seria a razão.

DivulgaçãoEliane Gonçalves Pinheiro, ex-chefe de gabinete do governador de Goiás, Marconi Perillo

Eliane Gonçalves Pinheiro, ex-chefe de gabinete do governador de Goiás, Marconi Perillo

Eliane Gonçalves Pinheiro, ex-chefe de gabinete do governador de Goiás, Marconi Perillo, não prestará depoimento nesta terça-feira à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. Ela foi internada na noite de ontem, em Goiânia, após uma crise de pressão alta.

Flagrada em conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal durante as operações Vegas e Monte Carlo, a ex-chefe de gabinete já havia obtido um habeas corpus na Justiça que garantia o direito de não responder às perguntas dos deputados e senadores que fazem parte da comissão. Eliane mantinha contatos frequentes com o empresário goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso sob a acusação de liderar uma rede criminosa envolvendo jogos ilegais, políticos e empresários.

As ligações indicam que Eliane recebeu informações sobre investigações da Polícia Federal que beneficiavam políticos ligados a Cachoeira e teria avisado o prefeito do município goiano de Águas Lindas, Geraldo Messias, de que a polícia faria uma busca na casa dele.

Para hoje estão marcados o depoimento de mais três testemunhas. O empresário Walter Paulo Santiago deverá se o primeiro a ser interrogado. Ele é um dos donos da Faculdade Padrão, empresa que teria servido como intermediária na compra de uma casa do governador Perillo.

A Polícia Federal suspeita que o verdadeiro comprador seja Carlinhos Cachoeira. Foi nessa casa, localizada no Condomínio Alphaville Ipês, em Goiânia, que Cachoeira foi preso pela Polícia Federal em 29 de fevereiro deste ano.

Outro depoimento esperado para hoje é o de Sejana Martins, diretora da Faculdade Padrão e sócia da empresa Mestra Administração e Participações. No cartório de registro de imóveis, a casa vendida pelo governador está registrada no nome dessa empresa.

A suspeita é de que essa empresa seja usada como ¿laranja¿ do suposto esquema liderado por Cachoeira. Sejana Martins obteve um habeas corpus do ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, garantindo seu direito de permanecer em silêncio durante o depoimento. Écio Antônio Ribeiro, sócio da Mestra Administração e Participações, é o último esperado pelos parlamentares.

Depoimento dos governadores

Na semana passada, a CPMI convocou o governador Marconi Perillo e o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, para prestar depoimento. Os depoimentos dos dois governadores estão marcados para os próximos dias 12 e 13, respectivamente.

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região ordenou ontem a soltura do ex-sargento da Aeronáutica, Idalberto Matias de Araújo, o Dadá. Ele também compareceu à CPI para prestar depoimento na semana passada, no entanto, optou por permanecer calado. Dadá é suspeito de ser o "araponga" do grupo liderado por Carlinhos Cachoeira, e foi preso no dia 29 de fevereiro, quando foi deflagrada a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Agência Brasil

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