O sorteio dos boxes entre os ambulantes do centro de Maceió foi marcado com um princípio de tumulto, quando foi necessário acionar o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar de Alagoas (Bope) para conter 34 comerciantes que denunciavam a criação de uma falsa lista que contemplaria lojistas, analistas e comerciantes que venderam os pontos e de alguma forma foram beneficiado com um box no novo shopping popular, localizado na Praça Deodoro.
Estava programado para a manhã desta terça-feira, 19, o sorteio dos 425 boxes para o novo shopping popular, cujo objetivo, segundo a Secretaria do Trabalho, Abastecimento e Economia Solidária (Sentabes) é o de assentar os camelôs do centro da cidade. Mas o sorteio não saiu como esperado, pois 34 camelôs protestaram e iniciaram um princípio de tumulto no Ginásio do Sesi, no Trapiche da Barra, em Maceió.
De acordo com os ambulantes que não foram beneficiados, muitos comerciantes que estão há mais de dez anos no Centro ficaram de fora do sorteio. “Uma das cláusulas do acordo é que os lojistas e analistas não seriam contemplados com um box, porém, não foi isso que aconteceu e muitos estão com dois, três, enquanto 34 camelôs não têm nenhum”, destacou Aline Paim.
Aline, que trabalha com conserto de relógios, destacou também que inúmeros comerciantes que tiveram o nome publicado no Diário Oficial do Município (DOM) e foram sorteados nesta manhã não trabalham mais no centro. “Muitos já venderam o seu ponto, mas essa lista que foi criada em 2009 beneficia-os, o que é uma injustiça”, destacou, enfatizando que a Sentabes juntamente com a Associação dos Camelôs de Maceió deveriam fazer uma atualização e conhecer a realidade de cada comerciante. “É uma injustiça o que estão fazendo conosco, vou voltar para o meu ponto correndo o risco de a qualquer momento ter o meu ponto removido pelos fiscais da SMCCU”, relatou.
A comerciante Maria Cristiana, que negocia há oito anos no Centro, relatou ao Alagoas24horas que pagou todas as taxas solicitadas pela Prefeitura de Maceió, porém, não foi contemplada. “Trabalho há oito anos, paguei todas as minhas taxas para o box no shopping popular, mas não sei porque não me contemplaram. E o pior é que eles nada me dizem e apenas fazem vista grossa com a situação”, disse.
Os camelôs que não foram contemplados formarão uma comissão e, segundo eles, protocolaram uma representação no Ministério Público Estadual (MPE) contra a associação, denunciando as possíveis irregularidades no sorteio dos boxes. “Não iremos descansar, pois é daqui que tiramos o nosso sustento e alimentamos as nossas famílias, eles estão tratando a gente como ‘vagabundo’ enquanto não somos”, destacou Aline.
De acordo com a Associação dos Camelôs, os 34 comerciantes não foram contemplados porque não passaram pelo estágio de seleção, onde segundo Rosivaldo Moura, houve uma preparação junto ao Sebrae. “Esta lista foi feita pelos fiscais da SMCCU, porém, os comerciantes não quiseram acreditar na proposta do novo shopping e não quiseram acolher a ideia, nisso hoje vem tentar tumultuar o evento”, relatou, enfatizando que uma segunda etapa será feita e que é necessário que os comerciantes procurem a associação e façam um cadastro.