Familiares esperam a liberação de 12 corpos que estão no Instituto Médico Legal de Alagoas (IML) ‘presos’ no órgão até serem submetidos à necropsia, após a greve deflagrada pelos médicos legistas na última quinta-feira, 21. Nesta manhã, a direção do IML se pronunciou à imprensa pedindo calma e destacando que o Estado tem poder sobre os corpos vítimas de violência.
De acordo com José Cruz, que teve o sobrinho morto em um acidente no município de Coruripe, ele aguarda a liberação do corpo desde ontem. Segundo ele, ninguém no órgão se manifestou e que “estou aqui esperando e até agora não tenho nenhuma resposta, eles só disseram que os legistas estão em greve”. Ele enfatizou também que o corpo do seu sobrinho está fora da geladeira desde ontem.
A diretoria do Instituto reconhece a situação de calamidade do órgão e destaca que acredita em resultados positivos. Segundo Luiz Mansur, diretor do IML, 12 corpos estão presos enquanto aguardam a necropsia. “Não podemos liberá-los sem que seja periciado por um médico legista”, relatou, enfatizando que “o Estado tem todo o poder de manter sobre sua custódia os corpos vitimados pela violência, agora temos aqui um conceito cultural de que o corpo deve ser liberado no mesmo dia”.
Ainda de acordo com ele, os corpos mais antigos serão colocados na geladeira, “uma vez que ainda há capacidade de armazenamento”. “Os corpos que estão fora aguenta ainda um tempo”, relatou destacando que essa sempre foi a realidade do IML e que desconhece a existência de corpos no quintal do órgão.
Revoltadas, as famílias clamaram pela sensibilidade do diretor do órgão. “Nós apenas queremos enterrar os nossos parentes, agora eles estão aí jogados no chão, fora da geladeira, vamos enterrar só a lama?”, perguntou José Cruz, questionando também sobre a possibilidade das famílias pagarem legistas para liberarem os corpos.
Em resposta o diretor destacou que não pode fazer nada, mas que está buscando formas plausíveis para resolver a situação e em relação à entrada de médico legista disse que “não posso liberar a entrada de nenhum médico, pois posso ser preso e ele também”.
Reunião de negociação
O diretor do IML também destacou que nesta manhã o comitê de greve estará se reunindo com a Secretaria de Estado da Gestão Pública e com a Secretaria de Defesa Social. “Eles reiterarão as suas reivindicações e o que querem, pois já tenho conhecimento, porém, estamos confiantes que tenhamos bons resultados desta reunião.