A Gabriela de Anadia

Quem já não suspirou por uma bela mulher? A resposta é quase uma unanimidade: Sim. Eu que sempre gostei dos contos e livros de Jorge Amado fiquei fascinado ao ler esta definição de Gabriela “Mulher tão de fogo no mundo não havia, com aquele calor, aquela ternura, aqueles suspiros, aquele langor. Quanto mais dormia com ela, mais tinha vontade. Parecia feita de canto e dança, de sol e luar, era de cravo e canela…”

A criação de Jorge Amado nasceu do seu sonho e anseio por liberdade, desencantado com o modelo socialista – depois de assistir a misteriosa desaparição de um punhado de colegas soviéticos e tchecoslovacos. Em sua obra, que também se passa no cenário de uma cidade de interior com suas características próprias e seus tipos pitorescos, além da sátira, há contradições entre os padrões arcaicos dos coronéis, das oligarquias e a florescente mentalidade progressista.

No meu caso, que tem muita coisa em comum ao enredo da estonteante mulher, pois quando encontrei a Gabriela pela vez primeira em Anadia, nossa terra também gozava de deliciosas coisas, que a tornavam agradável e próprias para o enredo de história – seu casario, seus personagens suas festas, suas belezas naturais e seu povo.

Ora, não quero estabelecer nenhum dilema entre a data, 1920, ano em que é narrado, e 1958 o escrito de Jorge Amado, se em 1970 sua primeira versão, e 1975 o ano que a TV adaptou a obra e que foi vista em uma larga escala. Muito menos estabelecer uma nova discursão. Quem mais encarna e parece ser fiel, a autêntica Gabriela – a mulher, que o escritor em sua iluminada visão, idealizou e que de lá até hoje rouba a cena e encanta! Há! São tão belas as mulheres brasileiras: Sônia Braga, Juliana Paes…

Atento-me a Gabriela que encontrei em Anadia. Ela também tinha 15 anos, um modelo exuberante de mulher, da cor do pecado, mantinha hábitos que em muito lembrava a musa da TV, trazia consigo um DNA da família de mulheres belas – sua mãe era bonita, suas irmãs e sobrinhas.

Sempre gostei da natureza, e curti muito um paraíso que nossa terra tem – o banho da Santa Cruz e foi exatamente nesse belo e paradisíaco local, que após andar quase seis quilômetros a pé, me deparei com uma visão que até hoje se encontra fincada no fundo da minha retina.

O cheiro das flores do campo invadia o ar, um aroma carregado de vários tipos de frutas que vinha de bem próximo – da mata do brejo, o frescor natural da queda d’água, entre as árvores a frestas da incidência dos raios solares. É quando miro uma cena fantástica!

Talvez, os cineastas mais famosos não tenham tido a sorte de gravar o que vi. Uma jovem a tomar banho; com um vestido branco e bem curto, que molhado revelava toda a exuberância do seu corpo, escultural… Com leveza, ingenuidade e uma imensurável dose de sedução.

Ali diante dos meus olhos estava a Gabriela de Anadia. Interessante, nunca antes tinha contado esse fato a ninguém, mas com o passar do tempo, tempo esse, que ajudou não só a mim, mas também a todos, que na época tiveram o prazer de ver a musa que ora falo em Anadia a dar espetáculos gratuitos em suas aparições pelas ruas de nossa cidade.

Os homens ficavam em êxtases. Ela mora em frente à Praça Dr. Campelo de Almeida, palco de tantas coisas boas… De vestido, de short ou minissaia que fazia um sucesso tremendo. Arrancava suspiros, suscitava desejos inconfessáveis, ganhava o aplauso dos rapazes, só contidos debaixo do chuveiro.

Sei que posso ser mal compreendido no que estou escrevendo. Até porque na minha terra mulher bonita é que não falta. Tenho a mais clara certeza, que em qualquer filme ou novela a beleza das nossas mulheres se torna um sucesso.
O tempo andou, causando danos a uma Anadia que teima em se apropriar da nossa memória… Tempo lindo de se reviver, lembranças não apagadas das nossas mentes.

E, bem recente conversando com a Rita Marques, entre gargalhadas prazerosas e os olhos cheios de lágrimas, ficou claro, que a Gabriela de Anadia, pode sim, também ser reeditada. Acredito que já esteja sendo revista aos olhares de hoje. Aqui, mulher bonita é o que não falta.

Sem querer fazer comparações, apenas gostaria de tornar público, e com a ajuda da internet trazer ao conhecimento de todos, o que fez um grande sucesso, sem, no entanto, ser gravado em um set de TV. Tive o privilégio de ler o livro de Jorge Amado, assistir as duas versões de Gabriela.

Mas, confesso que: queria dizer sem palavras, cantar sem canções, ter seu cheiro morando em meus pulmões, como um velho diário perdido na areia esperando que você me leia, pista vazia esperando aviões.
A Gabriela de Anadia é simplesmente inesquecível!

(*) Ex-secretário de Estado e filho de Anadia

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