O concurso público da Polícia Civil de Alagoas, anunciado pelo governo estadual, para este ano, pode não apenas não resolver o problema da segurança pública como criar distorções mais difíceis de serem resolvidas. Desde 2008, aprópria direção da instituição enviou proposta para a realização de concursocom a abertura de 74 vagas de delegados, 150 escrivães e mais de 1.000 agentesde polícias. O certame anunciado oferece apenas 40 vagas para o cargo dedelegado, 120 para escrivão, e 250 para agente de polícia, com expectativa deque haja a formação de cadastro de reserva.
O presidente da Associação dos Delegados de Polícia de Alagoas – Adepol, Antônio Carlos Lessa, alerta que esse número não conseguirá sequer repor a quantidadede delegados que estão se aposentando. “O Estado precisa atualmente de mais 80delegados que possam estar em todos os municípios alagoanos e assim atuar commais eficiência no esclarecimento de crimes. Isto significa que mais da metadedas cidades alagoanos não tem delegados, ou aqueles que fazem o serviçoacumulam até quatro delegacias. Assim, fica impossível atender à população naapuração adequada dos crimes”, acrescenta.
Lessa afirma que, atualmente, não existem delegados suficientes paraatuar em todas as delegacias. A sobrecarga de trabalho é um dos principais problemas das polícias para enfrentar efetivamente a criminalidade em Alagoas. A opinião é do presidente da Adepol-AL, Antônio Carlos Lessa, alertando que os índices de violência não serão reduzidos se não houver mais investimentos governamentais na área segurança pública. “O momento é de a sociedade organizada se unir e pedir aos governos estadual e federal que, realmente, invistam na segurança de Alagoas porque, senão, a tendência é piorar cada vez mais”.
“Os delegados estão sobrecarregados e acumulam até quatro delegacias semreceber acréscimo nos salários, embora a lei mande que a categoria receba horasextras, mas o governo se nega a pagar”, protesta.
A carência no quadro de pessoal faz com que inquéritos fiquem encalhadosnas delegacias sem uma solução, e a maior prejudicada é a sociedade. Alémdisso, no interior, um delegado é obrigado a tirar até cinco plantões e ospoliciais civis são obrigados a trabalharem tomando conta de presos, ao invésde realizarem sua missão de investigar. Esse problema foi resolvido na capital,mas continua nas cidades do interior.
“Tem casos em que o delegado dispõe somente de um agente para executaros trabalhos na delegacia, como intimação, investigação e custódia de presos.Como a Polícia Civil pode trabalhar assim? A realização de um concurso querealmente aumento o efetivo da instituição é uma questão de emergência. Asociedade e os profissionais de segurança não aguentam mais”, diz Lessa.
O presidente da Adepol reclama ainda da falta de estrutura dasdelegacias, onde delegados, policiais e presos correm risco até de contraíremdoenças tal o estado de precariedade das instalações. “Falta investimentos nasegurança e o governo precisa encontrar uma solução”, salienta.
Ele lembra que a os delegados de polícia, por meio da Adepol/AL, járeivindicaram que haja mais investimentos na área de segurança pública deAlagoas. “Desde 2007, a Adepol apresentou um plano para a melhoria dasegurança em Alagoas ao governador Teotonio Vilela Filho, na época,recém-empossado em seu primeiro mandato. Infelizmente, passados todos essesanos, as nossas sugestões não foram consideradas e os problemas continuam”,lamentou.
O presidente da Adepol concluiu, apontando a falta de efetivo,as precárias condições de trabalho e falta de valorização dos policiais civis,além da péssima estrutura das delegacias – especialmente no interior do Estado– como principais dificuldades enfrentadas para que o trabalho possa serexecutado com eficiência pela Polícia Civil alagoana.