A Bradesco Asset Management (Bram), gestora de recursos do segundo maior banco privado do país, destoou dos concorrentes em junho, registrando captação líquida positiva de R$ 3,51 bilhões.
O volume é praticamente o que a maior gestora de recursos do país, a BBDTVM, perdeu no mesmo período: R$ 3,37 bilhões. O valor, coincidentemente, também equivale ao total líquido captado por todas as 482 gestoras do mercado (R$ 3,39 bilhões).
Os fundos do Itaú também tiveram captação líquida negativa, de R$ 1,56 bilhão.Entre as dez maiores, além da Bram apenas BTG Pactual registrou captação líquida expressiva no mês, de R$ 1,93 bilhão.
Com o movimento registrado no mês passado, o total dos recursos sob gestão da Bram alcançou R$ 275,94 bilhões, aproximando-se um pouco mais do segundo colocado, o Itaú (com R$ 307,64 bilhões) e da BBDTVM (com R$ 436,26 bilhões).
Os dados são do ranking divulgado ontem pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
No caso da BBDTVM, o presidente Carlos Takahashi informou que, de acordo com seu acompanhamento, nos primeiros 20 dias de julho as saídas foram revertidas: "Captamos R$ 5 bilhões líquidos", informou.
"A captação vinha registrando um ritmo forte desde o começo do ano, acumulando cerca de R$ 15 bilhões até maio. Mas no mês passado vimos alguns saques por parte de investidores do setor público e também do varejo."
Neste último caso, Takahashi explica que pode ter sido efeito colateral das discussões recentes sobre taxas de administração, mudanças na remuneração da poupança e queda da Selic (leia mais sobre a taxa de juros básica da economia na página ao lado). A volta dos investidores tem sido pela mesma porta de saída: fundos de curto prazo e de renda fixa.
Os fundos do Bradesco que captaram mais foram os indexados às taxas de juros interbancária, o CDI, com aumento de R$ 2,4 bilhões no mês passado
. Segundo o diretor superintendente da Bradesco Asset Management (Bram), Joaquim Levy, o crescimento dos fundos do banco ao longo deste ano tem várias razões. "Assumimos a liderança no segmento corporate (grandes empresas), com R$ 70 bilhões de recursos sob gestão", diz. O Itaú é o segundo maior nesse segmento, com R$ 61,4 bilhões sob gestão.
Liderança
Segundo Levy, o aumento de aplicações feitas por grandes empresas explica em parte o aumento da captação dos DI, uma vez que as companhias usam esses fundos, que têm liquidez diária, para aplicar seu caixa.
Outra razão para o aumento, diz Levy, pode estar na conquista da folha de pagamento dos funcionários públicos do Estado do Ri de Janeiro: "Ganhamos no ano passado, mas só passamos a operar em janeiro deste ano", disse. Mas o executivo admite, também, que a liderança nesse segmento tem outro motivo: uma maior aplicação dos recursos do próprio banco nos fundos da Bram.
"Desde o começo do ano vários bancos vêm trocando aplicações em ativos como debêntures, por exemplo, por fundos de investimento. O Bradesco começou esse movimento mais recentemente", informa.
Por último, Levy também atribui a atração de novos investidores e recursos ao lançamento de fundos de renda fixa com carteiras compostas apenas por títulos privados e operações de crédito.
"Um deles, com carência de 90 dias para resgate, começou o ano com R$ 600 milhões e, no final de junho, tinha dobrado de tamanho", disse.