Técnicos do Instituto do Meio Ambiente (IMA) verificaram hoje (26) a temperatura e coletaram amostras do solo e da água em um buraco aberto na sala de mais uma casa que apresenta variação de temperatura, no bairro da Ponta Grossa. A situação foi identificada essa semana e informada ontem à diretoria do Instituto. Com uma temperatura que chegou há quase 80°C, essa casa está mais quente que a primeira analisada.
Segundo Paulo Bandeira, filho da proprietária, na terça-feira uma pessoa, que fazia um trabalho em instalações elétricas da residência, teria pisado no local e notado que o solo estava quente. “Nós verificamos e achamos estranho”, comentou. Ele disse ainda que a mãe reside no local há 52 anos e o fenômeno nunca havia sido percebido.
Foi solicitada a presença de um técnico da Braskem, com equipamento específico para análise da presença de gases tóxicos ou inflamáveis. Os mesmos não foram identificados e o risco de explosão foi afastado. “É possível que o caso seja parecido com o da casa da Rua Marquês de Pombal, decomposição de matéria orgânica e presença de gás sulfídrico, por conta das características semelhantes do solo. Mas, só poderemos ter certeza após os resultados das análises, explicou Ricardo César, diretor-técnico do IMA.
A temperatura inicial do solo, ainda com o piso, apontava 52°C. Com a abertura do buraco, durante a primeira parte da escavação, subiu a 62°. Na parte mais profunda chegou a marcar pouco mais de 78°C. A água coletada estava a 64°C e pessoas que estavam no local resolveram colocar um ovo dentro do buraco aberto: após dez minutos ele estava pré-cozido.
As amostras coletadas passarão por análises físico-químicas e microbiológicas. Parte da água foi enviada para o laboratório de microbiologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) para análise de coliformes, amostras do solo seguiram para um laboratório particular e a análise físico-química da água será feita no laboratório do IMA. Os resultados devem ser divulgados em uma semana. Além disso, serão aplicados questionários em casas vizinhas para verificar se há incidência do problema em outras residências.
Primeiro caso
A primeira residência a apresentar esse fenômeno está localizada há cerca de um quilômetro da segunda. A causa apontada para alteração da temperatura foi a decomposição de matéria orgânica e geração de gases associada às características do solo da região e conseqüentes reações químicas.
A análise apontou que a matéria orgânica que em decomposição indica a contaminação da água e do solo, devido a altíssima quantidade de coliformes termotolerantes encontrados; alta concentração de gás sulfídrico (H₂S) – em quantidade 400 vezes maior do que o normal; a chamada Demanda Biológica de Oxigênio – quando há perda de oxigênio por ação microbiológica – 9,4 vezes superior ao normal; além da quantidade de nitrogênio amoniacal, entre outras substâncias.
Na quinta (19) e na segunda-feira (23) passadas foram feitas novas coletas para verificar se a contaminação havia se estendido à cisterna da casa e à água consumida pelos moradores. A análise divulgada hoje mostra que não há contaminação e a água está própria para consumo. “Nós decidimos coletar e analisar mais essa amostra por causa da quantidade gás sulfídrico encontrado na cisterna, mas não há contaminação da água”, disse Ricardo César.