Após duas vitórias por ippon, o gigante brasileiro caiu. Em decisão nas bandeiras, Rafael Silva, de 2,03m, perdeu para o tricampeão mundial Alexander Mikhaylin. Contra o russo, "Baby", como é conhecido o sul-matogrossense, foi derrotado nas quartas de final e deu adeus ao sonho do ouro nos pesos-pesados (acima de 100kg). Ele, todavia, segue em busca de uma medalha de bronze, e encara o húngaro Barna Bor na repescagem a partir de de 10h (horário de Brasília).
Toda a seleção brasileira se desesperava na arquibancada. "Mete a mão nele, amassa", gritava o pequenino Felipe Kitadai, bronze na categoria mais leve do judô, a ligeiro (até 60kg). "Raça, garoto!", pedia Luciano Corrêa, da meio-pesado (até 100kg).
O russo de 1,95m tentou as primeiras entradas, mas Baby mostrava boa base e se recusava a cair. O brasileiro não se intimidou e também foi para cima, mas o europeu defendia bem sua mão esquerda. Com mais de metade da luta, nenhum dos dois judocas havia pontuado ou sido punido. Rafael seguiu insistindo no ochi-gari e Mikhaylin, preocupado na defesa, sofreu um shido (advertência) com 1m19s para o fim. O russo passou a ser mais ativo, mas ninguém conseguiu pontuar no tempo regulamentar.
No golden score, o brasileiro seguia insistindo na técnica de perna, e sofreu um shido por sair da área de combate intencionalmente. Com 1m07s, o russo assustou, com uma queda defendida por pouco por Baby, e conseguiu vantagem para uma possível bandeirada.
Carlos Honorato, prata em Sydney 2000: "É o último golpe". De fato era. Nenhum dos dois fez mais nada pelo resto do tempo, e a decisão foi para os árbitros. As bandeiras foram erguidas unanimimente a favor de Mikhaylin. Um abraço no brasileiro, uma comemoração discreta.