O Brasil vai sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas e os resultados (ruins) das Olimpíadas de Londres podem ser determinantes para uma guinada nestas duas competições. Mas não vou discutir a péssima política de investimentos em educação e esporte do Brasil, esta é flagrante e já foi tema de debate de pessoas muito mais abalizadas do que eu.
Na verdade, queria discutir outra questão: o surgimento do fenômeno das piscinas, a chinesa de apenas 16 anos, Ye Shiwen. Não satisfeitos com os tempos e recordes mundiais estabelecidos pela nadadora, a imprensa internacional passou a compará-la ao melhor nadador da mesma modalidade no masculino. Ye Shiwen seria a resposta para a pergunta: será que homens e mulheres podem competir em condições de igualdade? Fisiologistas e médicos do esporte discordam desde sempre.
Entretanto, o que mais me chamou a atenção foram as condições que levaram a adolescente a se tornar este fenômeno. De acordo com o Daily Mail, a menina foi retirada da família com apenas 6 anos, para ser incluída em um programa chinês de excelência nos esportes olímpicos. Saiu do colégio, do convívio com a família e amigos para – só e exclusivamente – treinar.
Dos 11 aos 14, a nadadora ainda teve o celular confiscado pelo governo chinês. O aparelho seria uma distração. O pai confessa que a nadadora ligou várias vezes para casa chorando, devido à massacrante carga de treinamento e nada fez; a família mora em um complexo custeado pelo governo.
Desde pequena, a menina, que hoje tem 1m70, tem aparência masculinizada, que já lhe rendeu várias expulsões de vestiários femininos. Durante as Olimpíadas de Londres, devido ao seu desempenho, Ye ainda teve que responder a insinuações de dopping. Segundo ela, em ensaiado tom estatal, “o povo chinês tem as mãos limpas”.
Qualquer pessoa que tenha o mínimo de vivência no esporte sabe das restrições, regras, dedicação, dores e agruras porque passa um atleta de alto rendimento. O talento por si só é apenas um ponto de partida, que deve ser lapidado, incentivado, cobrado até a exaustão visando ao aperfeiçoamento e, claro, resultados. Mas o que mais me pergunto é, compensa ser o mais alto, o mais forte e o mais rápido nessas condições? Seria esse o verdadeiro espírito olímpico?