Geisa Arcanjo foi a primeira campeã mundial júnior do atletismo brasileiro. Logo depois, porém, foi flagrada em exame antidoping e amargou quase um ano de suspensão até o fim de um impasse sobre a sua punição. Correu contra o tempo para voltar a ser competitiva a nível mundial, para alcançar o índice olímpico. Nos três meses de antecederam os Jogos, quebrou seu recorde pessoal sucessivas vezes. Nesta segunda-feira, no Estádio Olímpico de Londres, recebeu a recompensa pelo esforço. Aos 20 anos, tornou-se finalista olímpica do arremesso de peso feminino.
Após queimar a primeira tentativa, a paulista conseguiu 18,47m e ficou com a 11ª das 12 vagas. Às 15h15h (horário de Brasília), ela voltará a competir e precisará melhorar para, entre as oito melhores, seguir na briga por medalhas. Por enquanto, a bielorrussa Nadzeya Osrapchuk é a dona da melhor marca, com 20,76m.
– Satisfeita eu não estou. Mas só de ter a classificação já é um grande feito. Vou buscar a melhora para ficar entre as oito. O páreo está duro. Estou a 40cm da minha melhor marca, então com certeza dá para melhorar para a final. Se não fosse o meu técnico eu não teria chegado tão longe. Com certeza vou procurar fazer o meu melhor para dar mais orgulho ainda para o Brasil – disse, em entrevista ao SporTV.
Relembre o caso de Geisa
Nascida em São Roque, no interior do estado de São Paulo, Geisa começou no esporte praticando tanto arremesso de peso quanto lançamento de disco em uma escolinha da cidade. Com os primeiros bons resultados, virou bolsista do “Projeto Futuro”, no Parque do Ibirapuera. Com a nova estrutura, a jovem atleta cresceu no cenário nacional. Em julho de 2010, em Moncton, no Canadá , tornou-se a primeira brasileira a conquistar o ouro em um Mundial Júnior de Atletismo, com a marca de 17,02m no arremesso de peso.
Em outubro do mesmo ano, porém, a Federação Mundial de Atletismo (Iaaf, na sigla em inglês) anunciou que o exame antidoping da atleta tinha apontado o uso da substância proibida Hidroclorotiazida, de efeito diurético. Geisa justificou a ingestão pelo uso de produtos para emagrecimento (chá verde e óleo de cártamo) por conta própria, sem informar médicos ou treinadores.
Na época, Geisa perdeu a medalha, foi notificada e suspensa de forma preventiva. Em março de 2011, ela foi julgada pela Comissão Disciplinar Nacional de Atletismo e recebeu apenas uma advertência como punição. No entanto, a Agência Nacional Antidoping da CBAt recorreu ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), e o impasse deixou a paulista sem competir por mais de um ano. Em agosto, Geisa finalmente foi julgada na nova instância, a advertência foi mantida, e ela foi liberada para participar de competições oficiais e recuperou seus patrocínios.
Em busca do índice olímpico, a paulista superou seu recorde pessoal sucessivas vezes. No Campeonato Ibero-Americano, em Baquisimeto, na Venezuela, em junho, finalmente carimbou o passaporte. Levou o ouro com 18,84m, marca superior ao índice A da Federação Internacional de Atletismo e do mínimo exigido pela Confederação Brasileira de Atletismo para compor a delegação verde e amarela.