Dezenas de Mulheres camponesas das áreas da Reforma Agrária do Estado de Alagoas realizam a Feira das mulheres Camponesa em homenagem à lutadora do povo, Margarida Maria Alves, cujo martírio aconteceu no dia 12 de agosto de 1983. A feira será realizada entre os dias 09 e 11 de agosto, no estacionamento da Igreja Batista do Pinheiro, na cidade de Maceió.
Margarida Maria Alves é considerada um símbolo na luta pela Reforma Agrária em todo o país. “Prefiro morrer na luta do que morrer de fome”, uma das frases mais conhecidas da lutadora, alimenta o espírito das mulheres que estarão na feira. “Esperamos mostrar mais uma vez para a sociedade o verdadeiro resultado e a importância da Reforma Agrária, com as produção de alimentos saudáveis e a valorização das mulheres na busca pela concretização da cidadania”, destaca a agente pastoral da CPT e engenheira agrônoma, Heloísa Amaral.
A atividade é uma edição especial da Feira Itinerante, realizada quatro vezes ao ano pelos agricultores e agricultoras apoiados pela CPT em diversos bairros da capital Alagoana. Além de homenagear a memória de Margarida Maria Alves na semana em que se completa 29 anos de seu martírio, “a Feira também foi pensada para incentivar as mulheres camponesas, pois a partir de sua força podemos crescer ainda mais na produção, na comercialização e no respeito ao meio ambiente”, ressalta Heloísa Amaral.
A feira contará com uma grande variedade de alimentos produzidos de forma agroecológica pelas mulheres. Serão cerca de 15 toneladas de alimentos: Macaxeira, feijão, laranja, banana, mel, galinha de capoeira, entre tantos. As camponesas comercializarão também a tradicional tapioca e pé-de-moleque, feitos na hora, além de seus artesanatos produzidos nos assentamentos, com folha de bananeira e de taboa. A realização desta edição especial da Feira Camponesa Itinerante é fruto de uma parceira entre a Comissão Pastoral da Terra, o Movimento de Mulheres Camponesa (MMC), e tem o apoio da Igreja Batista do Pinheiro e a Paróquia Menino Jesus de Praga.
Homenagem ao martírio de Margarida Maria Alves Margarida Maria Alves foi presidenta do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras rurais de Alagoa Grande/PB. Filha mais nova de uma família de nove irmãos, Margarida era amada e respeitada pelos trabalhadores e trabalhadoras e odiada pelos usineiros. Ela esteve à frente, enquanto sindicalista rural, da luta por direitos básicos dos trabalhadores rurais em Alagoa Grande, tais como carteira de trabalho assinada e 13º salário, jornada de trabalho de 8 horas e férias.
Encaminhava várias ações na justiça em defesa dos direitos dos canavieiros e canavieiras e falava sempre da necessidade da Reforma Agrária. No dia 12 de Agosto de 1983, às 17h30, Margarida foi chamada na porta da sua casa por uma voz vindo de fora. Recebeu na hora um tiro de escopeta no rosto: aquele rosto de mulher corajosa e que transmitia confiança a todos ficou completamente desfigurado. Tinha sido avisada várias vezes que a sua vida estava em perigo: “Da luta eu não fujo” foi sempre a sua resposta.