Diogo Silva passou pelo jordaniano Mohammad Abulibdeh e avançou à semifinal do taekwondo nas Olimpíadas de Londres 2012, na categoria até 68kg. Foi mais uma vitória difícil – o paulista começou em desvantagem, virou no segundo período e por pouco não levou uma virada no último round – mas Diogo saiu com um 7 a 5 e está a uma vitória do sonhado pódio olímpico. Seu próximo adversário será o iraniano Mohammed Bagheri Motamed, atual vice-campeão mundial. Ele derrotou o afegão Rohullah Nikpah, sétimo cabeça de chave. A disputa da semifinal está prevista para 13h45m (horário de Brasília).
– Eu me preparei durante praticamente oito anos. Fiquei fora de Pequim, mas fiz todo o ciclo olímpico. Para mim, não é aceitável chegar aqui e tremer na base. Trabalhei para isso. Durmo mais no ringue do que na minha casa – disse Diogo, quarto em Atenas 2004 e ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007.
Abulibdeh não perdeu tempo em atacar Diogo, logo no comando de início de combate pelo árbitro, mas o brasileiro estava ligado. Ele defendeu o quanto pôde nos primeiros segundos. O jordaniano acertou um chute lateral com cerca de 30s de luta para conquistar o primeiro ponto. Nos segundos finais do período, Diogo levou um golpe baixo, chute na virilha, que o levou ao chão. Ele recebeu alguns segundos de atendimento médico, e o árbitro deu um kyongo (punição de meio-ponto) contra Abulibdeh.
– Aproveitei para esfriar um pouco a luta. Ele estava motivado, precisava esfriar. Não foi nada grave.
Diogo deu o troco logo no início do segundo período, pontuando também com um golpe lateral. Um chute rodado do brasileiro lhe deu dois pontos e uma vantagem de 3 a 1 no combate. O jordaniano foi castigado por lesões no segundo round, por conta de tostões e golpes do paulista que acabaram acertando sua perna. A 39s do fim, Abulibdeh enfim pediu um tempo médico para ser atendido. Na volta, Diogo deu vários golpes, mas apenas um acertou em cheio o colete e lhe deu mais um ponto, abrindo 4 a 1 no placar.
O brasileiro ficou mais na defesa no terceiro e último período. Diogo chegou a levar um kyongo por evitar o combate, mas seguiu mandando na luta. Pouco depois, foi o jordaniano quem levou novo kyongo e somou mais um ponto a favor de Diogo. Desesperado, Abulibdeh passou a buscar os golpes na cabeça para se recuperar. Um deles acertou de raspão e, após pedido de revisão em vídeo pelo técnico jordaniano, três pontos foram assinalados para ele, diminuindo a diferença para 5 a 4.
– Estou há oito meses treinando sistema defensivo. Estou com 30 anos, não dá para competir em velocidade com atletas de 20, 24 anos.
Logo após a pontuação, porém, Abulibdeh levou dois kyongos seguidos, e Diogo somou 6 a 4. Ao solicitar uma revisão em vídeo que interrompeu a luta, ato não permitido, o jordaniano perdeu mais um ponto. A partir daí, Diogo só precisou correr. Perdeu mais um ponto, mas venceu.
– Atletas de países que entraram em conflito, como Afeganistão, Irãe Jordânia, não desistem nunca da luta, independentemente do placar. Como ele chuta forte, mas se movimenta lentamente, me antecipei aos movimentos dele – explica Diogo.