Se deu para fazer dentro da casa deles, por que não daria para repetir a dose numa Londres verde-amarela? Campeão mundial há dois anos em Roma, eliminando os anfitriões nas semifinais, o Brasil voltou a encontrar os rivais em um grande palco nesta sexta-feira. Mais uma vez, a vitória valia a vaga na decisão, agora das Olimpíadas. Com as cores do país espalhadas pelas arquibancadas, ficou mais fácil se sentir em casa, e a equipe de Bernardinho não decepcionou. Como se não bastasse, desta vez a vitória veio acompanhada de um recital com requintes de massacre. A exemplo das meninas, que passaram à decisão um dia antes, os homens também cravaram seu 3 a 0 (25/21, incríveis 25/12 e 25/21). Resta agora esperar dois dias para lutar pelo terceiro ouro olímpico do vôlei masculino nacional.A decisão será no domingo, às 9h (de Brasília), contra a Rússia, que o Brasil já atropelou na primeira fase por 3 a 0. Agora, o cenário é diferente, e ninguém acredita em jogo fácil. O SporTV transmite ao vivo, e o GLOBOESPORTE.COM acompanha todos os lances em Tempo Real.
No Mundial de 2010, a seleção de Bernardinho despachou os italianos nas semis por 3 a 1, em jogo repleto de rivalidade com direito a frases provocativas dos dois lados. Desta vez, o clima era mais ameno. Com os carrascos Estados Unidos e Polônia eliminados, o Brasil aproveitou a primeira etapa de um caminho teoricamente mais tranquilo. Como se pudesse haver algo realmente tranquilo numa reta final olímpica.
Campeã em Barcelona 1992 e Atenas 2004, a seleção busca seu terceiro ouro e pode viver uma dobradinha inédita com a seleção feminina, que persegue o bicampeonato contra os Estados Unidos no sábado, às 14h30m (de Brasília).
O jogo
Com Savani puxando o ataque praticamente sozinho, e um Mastrangelo discreto, a Itália não foi páreo para o Brasil, que mostrou um vôlei consistente o tempo inteiro e contou com boas atuações de Wallace, Murilo, Lucão e Dante.
Leandro Vissotto estava uniformizado, mas no banco o tempo todo, recuperando-se de uma lesão na coxa direita, então Bernardinho apostou suas fichas em Wallace. O oposto rendeu com juros e correção monetária. Após um saque forte dos italianos que abriu o placar, o jogador do Cruzeiro soltou duas marteladas seguidas para deixar a seleção à frente.
O placar eletrônico na Arena de Vôlei parecia sonolento e demorava para computar os pontos, ou zerava tudo sem explicação. A torcida se irritou, mas só com o placar. Com o Brasil, era só festa. Cantando sem parar, o público viu a Itália com 8/7 de vantagem na primeira parada técnica. Mas durou pouco. Murilo e Lucão melhoraram e, na segunda, a seleção de amarelo já vencia por 16/14.
Os dois técnicos paravam o jogo para evitar boas sequências do outro lado da rede, mas a Itália se desencontrou no fim do set. Com erros bobos, viu o Brasil ir embora e, no saque de Savani na rede, perdeu por 25/21.
Veio a segunda parcial, e o estrago se ampliou para os italianos. O time de Bernardinho logo abriu 5/1 e mostrou que não estava disposto a perder muito tempo com aquele set. Na parada técnica, vencia por 8/3 e, dali em diante, virou baile. Quando o placar chegou a 20/10, o lance mais espetacular da partida. Murilo se jogou nas placas para salvar uma bola quase impossível no fundo. Na sequência do ponto, Serginho teve de passar para o outro lado da quadra para buscar mais uma bola. E o ataque italiano parou no bloqueio de Sidão. A Arena quase explodiu. Embalado, o Brasil concluiu o massacre com 25/12.
Apesar do atropelamento, a Itália conseguiu se levantar no terceiro set e chegou a abrir 9/6, para desespero de Bernardinho, que só faltava arrancar a camisa à beira da quadra. Na metade do set, o Brasil se reencontrou. Virou e abriu. Na segunda parada, já vencia por 16/13. Quando o jogo caminhava para o fim, o italiano Birarelli iniciou uma discussão na rede. Dante teve de ser contido pelos companheiros, e no banco o experiente Giba segurou Vissotto. Foi a pitada de rivalidade que faltava para a festa ficar completa. Com autoridade, a seleção fechou em 25/21 e voltou a um palco onde se sente à vontade: a disputa pelo metal dourado.