O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Marco Aurélio Mello disse nesta sexta-feira estar assustado com o "crescimento geométrico" no uso de tropas das Forças Armadas nas eleições municipais, o que considera "péssimo" para a imagem do país.
Quase 400 municípios do país terão a ajuda de forças especiais para reforçar a segurança no domingo, primeiro turno das eleições municipais. Os pedidos passam pela Justiça Eleitoral. Apenas o Rio terá de 6,5 mil militares em oito cidades, em especial no complexo de favelas da Maré e em bairros da zona oeste da capital, segundo o Ministério da Defesa.
"O crescimento é geométrico e não é bom porque a leitura que se faz é que o Brasil não consegue realizar eleições sem colocar o Exército na rua", disse à Reuters o ministro Marco Aurélio, preocupado inclusive com a repercussão internacional do fato.
"Assustou o número de requisições de forças federais", disse ele, que considerou "extravagante" a consulta de tribunais estaduais a juízes de primeira instância se queriam ou não a ajuda das forças.
"A tendência do juiz, até para não ficar com a responsabilidade, é dizer que quer (forças especiais)", afirmou o ministro.
Nos últimos dias, Marco Aurélio negou um pedido do Piauí para que as Forças Armadas atuassem em mais de 63 por cento dos municípios do Estado. Dos 143 municípios para os quais os militares foram solicitados, o TSE autorizou 82 no Estado.
"Nós sempre consultamos o governador, porque não deixa de ser uma intervenção federal… Se o governo assevera que as forças locais têm condições de proporcionar a segurança do pleito, nós não deferimos a requisição", disse.
"O Exército gosta, porque acaba tendo um aporte de receita", disse o ministro, ressaltando que a cabe ao TSE avaliar a real necessidade em cada caso.
Segundo Marco Aurélio, a análise de processos eleitorais foi bastante prejudicada pela ação penal do chamado mensalão, que desde o início de agosto é julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Corte da qual ele e outros dois magistrados do TSE fazem parte –Cármen Lúcia e Dias Toffoli.
"Com o mensalão, nós praticamente paramos", disse.