O Corinthians deu mais um passo rumo ao Japão. Interessado apenas em alcançar a meta de 45 pontos para se livrar de qualquer risco, ainda que distante, de rebaixamento e se concentrar na preparação para o Mundial de Clubes, o Timão se recuperou de um gol irregular e ganhou de virada do Flamengo por 3 a 2, na noite desta quarta-feira, no Pacaembu, pela 29ª rodada do Brasileirão. Só não foi desta vez que o chinês Zizao, apesar dos gritos da Fiel na arquibancada, saiu do banco para estrear. Os rubro-negros lutaram até o fim, chegando a marcar quase no apagar das luzes, mas permaneceram em situação de alerta na fuga da degola.
O Timão chegou aos 42 pontos e superou o Botafogo na classificação, subindo para sétimo lugar. Um dos destaques da equipe, Edenilson revelou o que mudou do primeiro para o segundo tempo:
– Nossa equipe voltou (do intervalo) com uma proposta de não deixá-los sair jogando. Conseguimos. Levamos um gol no fim, mas isso não atrapalhou a nossa vitória – disse.
O Flamengo estacionou nos 35, oito à frente do Sport, primeiro da zona de rebaixamento e que recebe o Grêmio nesta quinta-feira. Em 14º, o time carioca ainda pode ser superado no complemento da rodada pelo Coritiba, que joga contra o Palmeiras, fora de casa. Em tese, faltam dez pontos para se livrar definitivamente do descenso: três vitórias e um empate. Mas será preciso jogar melhor.
– Foi um segundo tempo para esquecer. A gente pede desculpa para os torcedores. Vamos lutar para sábado (contra o Cruzeiro) sair com três pontos – avaliou Wellington Silva, que falhou feio no gol do empate do Corinthians
As equipes voltam a campo no próximo sábado. O Corinthians vai ao Canindé, no jogo das 21h, enfrentar a Portuguesa. Enquanto o Fla recebe o Cruzeiro, no Engenhão, às 18h30. Mais uma chance para ambos se aproximarem dos tão sonhados 45 pontos e se tranquilizarem na reta final.
Estreante impedido e com estrela
Cleber Santana já havia dito, antes da partida, que a alta rotatividade dos cinco homens de meio de campo poderia confundir o Corinthians, e que eles iriam se movimentar para se aproximarem de Vágner Love, único atacante em campo. Meias verdades… Foi mais comum ver Love sair da área para tentar se encontrar com a bola, do que algum jogador de meio dentro da área. Mas, de fato, a outra parte do plano deu certo. Com qualidade, Renato Abreu, o próprio Cleber, Ibson e Léo Moura dificultaram a transição do Timão da defesa para o ataque e conseguiram manter a posse de bola com os cariocas. A maior parte da primeira etapa se destacou por uma briga cheia de vontade no setor de meio, porém, com pouca criatividade.
Era tão difícil entrar na área que Renato Abreu resolveu usar uma de suas armas mais potentes. De longe, assustou com Cássio com um chute fortíssimo de pé esquerdo. O recurso dos donos da casa era a bola parada, que teve Douglas como protagonista. Primeiro, no escanteio, ele acertou a cabeça de Paulo André, mas Felipe fez grande defesa. Depois, em cobrança de falta, mirou o ângulo. E novamente estava lá o goleirão, ex-corintiano. Voou para espalmar, e a bola ainda tocou a trave.
Bola parada. Típico feitiço que se vira contra o feiticeiro. O Fla, apesar do domínio do meio, tinha dificuldade para entrar na área. Ibson bateu falta de longe, e Renato Santos, um dos quatro impedidos no lance, deu um golpe de MMA na bola para abrir o placar e homenagear o futuro bebê, ainda sem nome. Sua esposa está grávida de três meses.
O Corinthians tentou reagir com lances pelos lados, principalmente o esquerdo, com Romarinho, Douglas e Fábio Santos, mas esbarrou na falta de inspiração e na marcação de Wellington Silva, Amaral, e na ajuda de Ibson. Os times foram para o intervalo e deixaram o torcedor com a sensação de que, mais uma vez, não conseguiriam ver Zizao em ação.
Virada com a marca de Edenilson
Ritmo lento, lento… Os primeiros minutos do segundo tempo foram críticos. Nada de emocionante acontecia. E até as bolas paradas de Douglas, até então muito perigosas, perderam força. Retrato disso foi uma falta cobrada na intermediária que acertou os gandulas do Pacaembu. Os técnicos não mexeram nas equipes e o jogo, que já não havia sido grande coisa no primeiro tempo, ficou ainda pior.
Pior também ficou o ouvido do árbitro Fabricio Neves Correa. No fim do primeiro tempo foi Dorival Júnior quem reclamou a não marcação de algumas faltas. Depois, foi Tite quem enlouqueceu e passou a disparar críticas no banco, pedindo pênalti de Welinton em Edenilson.
É que Fábio Santos estava atento. Numa partida fraca, a chance de algum erro ocorrer é sempre grande. E ocorreu. O lateral-esquerdo não perdoou vacilo de Wellington Silva, roubou a bola, invadiu a área e cruzou para Edenilson, de carrinho, empatar. Foi seu primeiro gol com a camisa alvinegra. Festa na arquibancada! Se com o empate já era possível ouvir gritos por Zizao, eles ficaram ainda mais fortes depois que Paulo André virou. Um gol novo com cara velha. De cabeça, após escanteio cobrado por Douglas. A combinação já havia dado certo contra Inter e Atlético-MG.
Dorival Júnior tentou reagir com Wellington Bruno e Adryan, mas ambos entraram fora de sintonia. Antes, o time vivia da cadência de jogadores experientes, mas já muito cansados. Com as mudanças, ganhou velocidade, mas perdeu a identidade na partida. E mal coletivamente, os erros individuais se multiplicaram e deram ao técnico adversário a chance de fazer experiências.
Tite colocou Chiquinho, Guilherme Andrade e Anderson Polga. Nada de Zizao! Sem o chinês, mas com o Sheik, o Timão ainda fez o terceiro. Em arrancada de Edenilson, dono do segundo tempo, o atacante, de volta após um efeito suspensivo, estufou as redes.
Ainda havia tempo para Liedson, aplaudido por parte da torcida corintiana quando entrou e carinhosamente abraçado por Tite antes da partida, fazer o seu gol. Pouco diante da apática atuação do Flamengo no segundo tempo.