“Quanto mais cedo você diagnosticar, mais cedo você vai se curar”. Com esse slogan, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) lançou em Alagoas, nesta quarta-feira (28), a Campanha de Combate à doença. Realizada em parceria com a Secretaria de Saúde de Maceió, a solenidade ocorreu no II Centro de Saúde, situado no bairro Poço, e alertou os alagoanos sobre a importância do diagnóstico precoce.
Isso porque, o diagnóstico tardio tem afetado a vida de muitos portadores da doença, segundo destacou a secretária adjunta de Estado da Saúde, Rosimeire Rodrigues, que representou a titular da pasta, Rozangela Wyszomirska. “Em 2014, apenas 56% dos casos estimados de hanseníase foram constatados e, muitos deles, quando o paciente já apresentava estado avançado dos sintomas, que muitas vezes deixam sequelas irreversíveis”, destacou.
O professor Luzard Pereira é um exemplo desse diagnóstico tardio. Apesar de apresentar muitos dos sintomas da doença, passou um ano em contato com médicos particulares, que não conseguiram diagnosticar seu problema. Após uma crise de saúde, ele deu entrada no Hospital Geral do Estado (HGE) e, ao ser encaminhado ao II Centro de Saúde, foi diagnosticado com a hanseníase, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Após passar por cinco especialistas, foi no HGE que a médica suspeitou de hanseníase e fez o encaminhamento correto”, lembrou o professor, que está em tratamento há sete meses. “Pela demora no diagnóstico, acabei com outras complicações, mas, aqui, no serviço público, fico impressionado com o atendimento e acompanhamento do meu caso. É tudo muito rápido” afirmou.
Segundo Luana Melo, enfermeira que acompanha o caso do professor, atualmente, 32 pacientes são tratados no II Centro de Saúde de Maceió com o uso dos medicamentos. Luzard ainda tem um dos casos mais raros da doença: a hanseníase multibacilar neural. “De cada 100 casos, apenas três são diagnosticados como o dele”, completou a enfermeira.
Para a superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau, Cristina Rocha, é preciso que as pessoas que apresentem os sintomas procurem um médico imediatamente. “Não importa se é uma manchinha no corpo ou várias delas. É preciso procurar ajuda médica, e que esse diagnóstico também ocorra de forma rápida. A população e agentes de saúde devem ficar vigilantes”, disse.
Segundo a gerente de Sistema de Informação da Sesau, Ednalva Araújo, essa é uma campanha constante. “Hoje estamos aqui mais uma vez para alertar. Mas esse é um trabalho contínuo, que passa pela conscientização sobre o diagnóstico e tratamento da doença. Desenvolver ações básicas, dando qualidade aos serviços para o diagnóstico precoce tem sido nossa batalha diária”, reforçou.
A doença – A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae e pode ser paucibacilar (PB) – quando o paciente apresenta de uma a cinco manchas pelo corpo – ou multibacilar (MB) – quando são encontradas mais de cinco manchas. Quando são paucibacilares, os pacientes não transmitem a doença.
Os multibacilares sem tratamento, porém, podem transmitir o bacilo através das secreções nasais ou saliva. Pacientes em tratamento regular e pessoas que já receberam alta não transmitem a doença. O período de incubação, da infecção à manifestação da doença, tem duração média de três anos e a evolução do quadro clínico depende do sistema imunológico do paciente.
Sintomas e Diagnóstico – Manchas brancas ou avermelhadas sem sensibilidade para frio, calor, dor e tato; Sensação de formigamento, dormência ou fisgadas; Aparecimento de caroços e placas pelo corpo; Dor nos nervos dos braços, mãos, pernas e pés; Diminuição da força muscular. A identificação da doença é essencialmente clínica, feita a partir da observação da pele, de nervos periféricos e da história epidemiológica. Excepcionalmente são necessários exames laboratoriais complementares, como a baciloscopia ou biópsia cutânea.
Tratamento – A hanseníase tem cura e quando tratada em fase inicial não causa deformidades. O tratamento, denominado poliquimioterapia (PQT), é gratuito, administrado via oral e está disponível em unidades públicas de saúde de todo o Brasil. Para pacientes que apresentam a forma paucibacilar (PB) da doença, a duração do tratamento é de seis meses e para os que apresentam a forma multibacilar (MB), o tratamento dura um ano. Concluído o tratamento com regularidade, o paciente é liberado e é considerado curado.
Segundo o Ministério da Saúde, a cada ano, 30 mil pessoas são diagnosticadas com hanseníase em todo território nacional. Só em Alagoas, no ano passado, foram 282 novos casos. Os municípios que têm a maior concentração de casos diagnosticados são: Maceió, Arapiraca, Santana do Ipanema, União dos Palmares, Deliro Gouveia, Rio Largo, Penedo e Pilar.