O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, indicou nesta quinta-feira (29) que o governo não voltará atrás no endurecimento das regras para concessão do seguro-desemprego, como tem sido aventado durante esta semana.
"Nós propusemos as medidas do tamanho que nós achamos correto e vamos defender essas medidas no Congresso, na mídia, em todos os espaços", afirmou Barbosa. "Abrimos debate com as centrais sindicais e vamos discutir no Congresso, mas o tamanho das medidas é o tamanho que nós achamos correto."
As declarações foram feitas após reunião com a direção da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), onde Barbosa ouviu também a promessa dos empresários de que enfrentarão o governo em razão das mudanças no auxílio-doença.
Mobilização: Centrais sindicais pedirão da MP que endurece seguro-desemprego
Manifestação das centrais sindicais bloqueia avenida Paulista
No início do ano, uma medida provisória pelo governo Dilma Rousseff (PT) ampliou para de 6 meses para 18 meses o prazo de carência para a concessão do seguro-desemprego pela primeira vez, e de 6 para 12 no segundo pedido. O prazo permanece de 6 meses a partir da terceira solicitação.
O governo prevê economizar R$ 18 bilhões com a alteração nesse e em outros benefícios trabalhistas e previdenciários, como abono salarial, pensão por morte e auxílio-doença. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), por outro lado, estima que o número de trabalhadores sem direito a seguro-desemprego aumentará de 3,2 milhões para 4,8 milhões com as novas regras.
Guia: Entenda as mudanças nos benefícios previdenciários e trabalhistas
As mudanças nos benefícios desencadaram reação das centrais sindicais, que nesta quarta-feira (28) fecharam um trecho da avenida Paulista, em São Paulo, em protesto que reuniu 10 mil pessoas, segundo a organização (a Polícia Militar estimou em 1 mil às 10h30). A Força Sindical prepara ações judiciais para derrubar a medida.
Disputa sobre auxílio-doença
O governo também não deverá rever a sua posição sobre a alteração no auxílio-doença, que obriga os empregadores a bancar o benefício por 30 dias, e não 15, como é hoje.
"Essa questão do auxílio-doença está muito claro o que é a posição do governo e está muito clara a nossa posição e nós não estamos de acordo com isso", disse o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, depois da reunião com o ministro do Planejamento. "E nós temos liberdade, estamos numa democracia, no Congresso nós vamos discutir."
Barbosa, que estava ao lado de Skaf na entrevista coletiva, não comentou as declarações.