Niemeyer deixa novos projetos

Centro NiemeyerCentro Cultural Niemeyer, na Espanha, finalizado há dois anos, em Avilés

Centro Cultural Niemeyer, na Espanha, finalizado há dois anos, em Avilés

Arquiteto prolífico de mais de 500 obras executadas, Oscar Niemeyer não parou de trabalhar até os últimos dias de vida, prestes a completar 105 anos de idade. Ao lado de sua equipe de 20 pessoas, capitaneada pelo companheiro de trabalho desde 1975 Jair Valera, Niemeyer tocava inúmeros projetos no Brasil e no mundo. A ele cabia a criação; a equipe desenvolvia o projeto em seus detalhes.

Entre os projetos em andamento, uma diversidade constante na obra do arquiteto, tanto no Brasil como no exterior: uma universidade, uma igreja, uma vinícola, um centro cultural, uma revista trimestral que já está em sua 11ª edição e um livro, centrado em museus e centros culturais que ele criou pelo mundo. “Esses projetos foram pensados por ele e resolvidos preliminarmente, e agora estão em desenvolvimento”, explicou o arquiteto Jair Valera.
A Unila, universidade desenhada por Niemeyer, é o mais avançado neste momento; já está em construção em Foz do Iguaçu (PR). Uma igreja adventista em Belém do Pará – embora fosse comunista, o arquiteto projetou muitos templos religiosos em sua carreira – também tem o projeto já bem desenvolvido. Máquinas já fazem a terraplenagem do terreno.

O gosto pelo vinho e a beleza do sul da França atraíram Niemeyer a fazer uma vinícola e aumentar o charme provençal. “Nós falávamos muito de uma vinícola no sul da França, que lhe interessou muito justamente por ser um lugar lindo e um prédio muito bonito, além de ele gostar de vinho também. Estamos acabando o projeto executivo e acredito que a obra comece em 2013”, contou Jair.

Outro centro cultural, na Ilha dos Açores, em Portugal, em Ponta Delgada, é ameaçado pela crise no país ibérico, embora o projeto já esteja em fase final. “Não sabemos se será realizado efetivamente”, disse o arquiteto companheiro de Niemeyer há 37 anos.

Com a morte, a família deseja que alguns projetos antigos e não realizados, pelos quais o patriarca tinha especial carinho, possam ser viabilizados.

Família pede à Prefeitura do Rio Museu Niemeyer no Aterro do Flamengo

O neto Kadu Niemeyer, que se refere a ele como “dindo”, sugeriu que a Prefeitura do Rio leve adiante um projeto dos anos 80, de um centro musical no Aterro do Flamengo e o de uma mesquita. “Acho que hoje não faria mais sentido como centro musical, mas talvez como um Museu Niemeyer”, disse Kadu, fotógrafo. “Outro é a Mesquita da Argélia, um projeto de que ele gostava muito. Ele fez mais de 600 projetos, e esses são dois que ainda não foram realizados e valeria a pena que saíssem do papel”, afirmou o neto.

Segundo Jair, a mesquita, trabalho que ocupou o arquiteto morto entre 1970 e 1973, pode se tornar realidade no lugar mesmo para onde foi projetado. De acordo com ele, “parece que querem fazer na Argélia mesmo”.

Além desses, a revista “Nosso Caminho” – sobre arquitetura, filosofia, artes liberais e política – deve continuar a ser editada pela editora de mesmo nome, da viúva, Vera. Outro desejo é concluir um livro sobre suas obras de igrejas e centros culturais, na linha de outro livro, só sobre igrejas, catedrais e capelas.

Ainda no hospital desde o dia 2, o mestre fazia questão de acompanhar o andamento dos trabalhos. “Nesse tempo que ele esteve no hospital, todas as vezes que vinha visitar, trazia para ele todos os andamentos dos projetos, ele ficava muito interessado e queria sair do hospital para poder terminar esses projetos que ele já deixou pensados. Como eu faço o desenvolvimento e a coordenação, ele queria saber tudo”, comenta Jair.

“A saudade vai ser muito grande. Trabalhava com ele há mais de 30 anos, diariamente. Não sei dizer como vai ser daqui para frente, sempre me pergunto isso.”

Fonte: IG

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