A ausência de uma funcionária para preencher formulários suspendeu o atendimento a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital Ortopédico, na manhã desta quinta-feira, 7. A suspensão no atendimento provocou a revolta dos usuários, que chegaram a bloquear uma via e foram ameaçados por um motoqueiro que efetuou disparos contra os manifestantes.
De acordo com informações apuradas pela reportagem do Alagoas24horas, cerca de 100 pessoas – a maioria crianças e idosos – aguardavam atendimento do lado de fora da unidade de saúde desde as primeiras horas da manhã, quando foram informados que não haveria atendimento, pois uma atendente teria faltado por motivo de saúde.
Indignados, os usuários bloquearam a pista e após muito tumulto a unidade de saúde abriu as portas para os pacientes, que agora estão sendo orientados a preencher uma ficha e aguardar um possível atendimento.
A reportagem do Alagoas24horas foi intimidada e retirada da sala de espera por funcionários do hospital, e impedida de fazer imagens dos pacientes dentro da unidade hospitalar. Uma funcionária confirmou ainda que o atendimento foi suspenso pela ausência da atendente e se recusaram a dar mais informações.
Nossa equipe pediu ainda para falar com a direção do hospital. A atendente que se encontrava no local informou que os diretores não estariam no hospital, mas que entraria em contato por telefone. Depois de uma hora de espera, uma funcionária pediu o telefone de nossa equipe para que – posteriormente – a diretoria entrasse em contato.
No local é possível ver pacientes – das mais variadas idades – com membros machucados, gessos precisando de manutenção, entre outros problemas. Ainda de acordo com informações apuradas pela reportagem, não há deficiência de médicos na unidade. Segundo uma atendente, “não há quem preencha a ficha dos pacientes para dar início ao atendimento”.
Resposta
Por volta das 11h30, o asssistente jurídico do Hospital Ortopédico, Glauco Júnior, entrou em contato com o Alagoas24Horas. Ele nega que a equipe de reportagem tenha sido intimidada, apesar de uma atendente pedir para um dos repórteres esperar na calçada. Segundo ele, há apenas uma norma proibindo imagens de dentro do hospital. “A norma era para preservar os próprios pacientes, uma vez que eles mesmos, muitas vezes, não querem ser expostos”.
Indagado sobre o motivo da revolta da população que não conseguia atendimento, ele alegou que o hospital possui uma capacidade reduzida de cerca de 80 atendimentos por dia, o que ocasiona – diariamente – o não atendimento de algumas pessoas. “Isto dá um atendimento de 1.500 pessoas por mês. É o limite de nossa capacidade. Não temos como ir além disto”, salientou Glauco Júnior.
O assessor jurídico destacou também que os pacientes que estão encaixados dentro desta previsão diária de atendimentos são encaminhados para o médico. Glauco Júnior disse ainda que não procede a informação de que há pessoas que já foram seis vezes ao hospital, em datas pré-agendadas, e não foram atendidas. Do lado de fora, no entanto, um paciente afirmava a dificuldade de agendar consulta.
Glauco Júnior disse que o hospital não atende casos de urgência, o que em alguns casos – segundo ele – não é entendido pela população, que procura a unidade. “Não fazemos urgência. Então, estes casos não podem ser atendidos”, sentenciou. O assessor jurídico finalizou afirmando que respeita o trabalho da imprensa e que se houve um protesto na porta do hospital, ele é fato e deve ser divulgado.
A equipe do Alagoas24Horas reforça que tentou ouvir a direção do hospital in loco, o que só não foi possível pela ausência dos diretores na unidade, já que a equipe de reportagem lá se encontrava e esperou por cerca de duas horas.
Remarcação
Após muita confusão, o atendimento teve início com a remarcação das consultas.