Comerciante é morto após pedir ajuda ao 190

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A jovem que atendeu um comerciante que ligou para o serviço 190 de Aracaju para pedir ajuda à polícia foi demitida, segundo o coronel Salvador Sobrinho, coordenador do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública.

O comerciante, que era dono de um depósito de bebidas, desconfiou de dois motoqueiros que estavam parados em frente ao estabelecimento. Ele solicitou a presença da polícia, mas a atendente pediu por mais informações. Quando ele saiu do local, foi abordado por assaltantes, baleado e morto.

A família da vítima e a associação de militares reclamam que o 190 foi terceirizado e que pessoas não especializadas estão atendendo as ocorrências. No caso do comerciante, a atendente não percebeu a gravidade da situação.

"Na verdade, a jovem que estava trabalhando como atendente seguiu o script que é feito pela própria corporação Polícia Militar. Quando é uma questão ligada aos bombeiros, à Polícia Civil ou à Policia Militar, cada instituição sentou e discutiu que tipos de perguntas deveriam ser feitas para que a gente pudesse evitar a grande quantidade de trotes", disse o coronel Salvador Sobrinho, em entrevista à Globo News.

De acordo com ele, praticamente uma em quatro ligações recebidas pelo serviço de emergências é trote.

"Infelizmente, a grande falha dessa jovem foi não ter encaminhado esse pedido para a sala de despachos da PM. Ao conversar com essa moça, que foi demitida pela empresa, ela alegou que, como ele desligou, ela não conseguiu extrair as informações que acreditava que deveria ter. Ela não repassou a ligação para a Polícia Militar, esperando que ele ligasse de novo", afirmou Salvador Sobrinho.

O coronel comentou que o efetivo da Polícia Militar de Sergipe é reduzido e não há como retirar agentes das ruas para o serviço telefônico. Ele disse que a terceirização do 190 foi realizada na gestão anterior e que outros estados já adotaram a mesma medida.

Ligação gravada
No centro de operações do 190, 16 atendentes se dividem em três turnos. As ocorrências são repassadas para a Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Instituto Médico Legal (IML), mas o socorro só é enviado quando esses funcionários acham necessário.

A conversa entre o comerciante a atendente de telemarketing feita pela vítima foi gravada. O dono de um depósito de bebidas tentou convencer a atendente da ameaça que estava por perto. Veja alguns trechos:

Comerciante: Bom dia, aqui tem dois motoqueiros parados só de olho. Tem mais de cinco minutos.
Atendente: Eles estão fazendo algo suspeito?
Comerciante: Para mim, estão fazendo algo suspeito. Se é motoqueiro, é suspeito ficar parado há muito tempo. Eles não são moradores da rua. Estão parados há muito tempo e não tiram os capacetes da cabeça. Não tiram o capacete.
Atendente: A placa da moto?
Comerciante: Eu não vejo. Não posso ir até lá ver. Só sei que ele está parado olhando.
Atendente: O senhor visualizou a característica dos indivíduos?
Comerciante: Não. Não conheço. Estão com capacete na cabeça, como é que vou saber?
Atendente: Eu peço que o senhor tenha as características do indivíduo para me passar.
Comerciante: Está certo. Está bom. Tchau.

Fonte: G1

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