A aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), que levou autoridades chilenas ao país neste sábado (27), chegou à Base Aérea de Brasília com 12 brasileiros que estavam em Santiago, capital do Chile, por volta de 5h15 deste domingo (28).
A lista com nove civis e três militares foi elaborada pela embaixada brasileira. O comando da FAB informou que não estão previstos novos voos para resgatar brasileiros isolados no país. Por telefone, um grupo de brasileiros relatou dificuldades de conseguir comunicação com o serviço diplomático no Chile.
Por telefone, o G1 conversou com a embaixada brasileira em Santiago. O diplomata informou que 200 brasileiros já se cadastraram para tentar voltar ao Brasil. "Desse grupo, 50 médicos, que estavam em um congresso, estão presos em um hotel. Só ontem (sábado) cadastramos 200 brasileiros e o telefone não para", disse o diplomata.
Pelo menos 12 turistas do Rio de Janeiro, São Paulo e Pará estão alojados no saguão de um hotel em Santiago. Eles estocam comida e água porque não há previsão de voos para retornar ao Brasil. “Quando ficamos sabendo do avião da FAB, cinco de nós correram para a embaixada. Mas fomos proibidos de entrar”, relata um dos turistas do grupo brasileiro.
Em nota divulgada mais cedo, o comando da FAB relatou o sentimento dos passageiros do VC-99 B Legacy. A estudante brasileira Rafaela Link morava havia dois meses em Santiago. Na noite de sábado, ela e amigos divertiam-se em um bar karaokê quando viu tudo tremer. “Parecia que tudo ia cair. Foi um pânico generalizado. Vi a morte bem de perto”, disse a estudante. “Quando o avião pousou, eu chorei. Fiquei muito emocionada por estar de volta”, complementou Rafaela, segundo a nota da FAB.
Amiga de Rafaela, a turista Alexia Moecke teve sensação parecida ao desembarcar na Base Aérea de Brasília. “Uma maravilha. Eu estou em casa”, disse. No momento do terremoto, ela estava dormindo no hotel em que estava hospedada e viu tudo tremer.
A primeira a desembarcar do avião da FAB foi Tatiana Soares. “Muito bom voltar ao nosso país maravilhoso. O que passamos lá foi uma situação muito ruim”.
A enfermeira Petra Rangel estava em Santiago para um congresso que aconteceria no sábado e, devido ao terremoto, foi cancelado. Também estava dormindo no hotel quando ocorreu o terremoto: “Fiquei superfeliz em voltar”.
A aeronave brasileira que trouxe os 12 brasileiros é a mesma que havia decolado de Brasília na tarde do sábado com o ministro da Justiça, Jorge Toledo, e com o procurador-geral da República, Chahuán Sabas. Eles estavam no Brasil e retornaram ao Chile para participar das coordenações governamentais depois do terremoto que atingiu o país.
A aeronave brasileira pousou no pátio militar em Santiago. Foi o primeiro avião estrangeiro a chegar depois da catástrofe. Segundo os pilotos, a pista e o controle de tráfego aéreo estão perfeitas em condições operacionais. O abalo se deu na infraestrutura do aeroporto. Segundo a FAB, “no retorno a Brasília da aeronave, a embaixada solicitou o traslado de brasileiros interessados em voltar ao País”.
O Itamaraty não explicou os critérios adotados para elaborar a lista de passageiros, já que outros brasileiros relataram dificuldades em conseguir uma vaga no voo.
Terremoto
A capital do Chile, Santiago, foi sacudida por um forte terremoto secundário na manhã deste domingo (28).
O Centro de Pesquisas Geológicas dos EUA registrou um tremor de magnitude 6,2, depois revisada para 6,1, às 8h25 locais (mesmo horário de Brasília), na região de Maule, a 184 km ao sul de Santiago. O tremor, ocorrido no continente, foi localizado a uma profundidade de 32 km.
O tremor ocorreu um dia depois de um abalo de magnitude 8,8 ter atingido a costa do país, deixando mais de 300 mortos e dois milhões de desabrigados.
Apesar do susto, não há informações sobre novos danos ou vítimas com o tremor desta manhã.
A região já teve mais de cem réplicas do tremor inicial, muitas delas com magnitude superior a 5, que podem provocar danos, segundo o Centro de Pesquisas Geológicas dos EUA. Essas réplicas devem continuar ao longo dos próximos dias, segundo os sismólogos.