Nessa sexta-feira (05.06), os 400 camponeses ligados à Comissão Pastoral da Terra em Alagoas ocuparam o prédio da Superintendência Estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-AL) na Praça Sinimbu e fizeram uma visita à Vara Agrária, ambos no Centro de Maceió. A mobilização teve como principal objetivo, chamar a atenção da sociedade e pressionar as autoridades responsáveis sobre a ordem de despejo das 28 famílias acampadas na Fazenda Boa Esperança em Major Isidoro.
Na Vara Agrária, ocorreu uma reunião entre as lideranças do acampamento; o Ouvidor Agrário Estadual, Marcos Bezerra, o Promotor Agrário Tácito Yuri e o Coronel Robson do Gerenciamento de Crises da Polícia Militar. Na ocasião, foi estabelecido um novo contato com o Desembargador aposentado Gercino Filho, que atualmente é o Ouvidor Agrário Nacional e encontra-se na presidência da Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo.
Por meio de um documento encaminhado via fax, foi oficializado o não cumprimento do mandato de reintegração de posse do imóvel rural até o dia 17 de março. Nesta data, o Ouvidor Agrário Nacional estará na capital alagoana para participar de uma audiência especial onde ouvirá os trabalhadores rurais. Também foram convocados o Ouvidor Agrário Estadual; o Superintendente do Incra/AL, Gilberto Coutinho; a Procuradora Regional do Incra, Sandra Carvalho; a Chefe da Divisão de Obtenção de Terras do Incra, Katiúcia Mendes; e o Deputado Federal Benedito de Lira (PP/AL) que é o proprietário do imóvel.
A Coordenação da CPT denuncia a inoperância do Incra-AL que intensificou o conflito agrário, mesmo com o laudo oficial que as terras estavam improdutivas não tomou as providências necessárias. Agora, o Gilberto Coutinho vai largar o cargo para disputar o cargo de Deputado Federal, enquanto isso assumirá o adjunto, Estevão Oliveira que desconhece a realidade do campo, é leviano e completamente despreparado.
No final da tarde, os agricultores que participaram do ato solidário às famílias sertanejas, decidiram desocupar o prédio e retornar para os seus acampamentos e assentamentos, mas a mobilização irá continuar.
“Nós avaliamos a ação como um grande avanço para essas famílias que vêm sendo ameaçadas há muito tempo, fizemos várias denúncias e nada era divulgado na mídia. Agora, que elas já se estabeleceram na área e estão produzindo, querem tirar-los de lá. Vamos continuar resistindo e apoiando a luta deles”, destacou Carlos Lima, Coordenador Estadual da CPT-AL.
Fazenda
A Fazenda Boa Esperança possui 475 hectares, passou 10 anos em estado de abandono tem dívidas no Banco do Nordeste e já foi notificada pelo Instituto do Meio Ambiente devido a prática de desmatamento na área.
As famílias camponesas foram morar no local há dois anos a convite do próprio proprietário. Atualmente, estão plantando milho, fava, feijão, palma, tomate, alface, cebola e coentro; também possuem uma pequena criação de ovelha, cabra, porco e galinha. Caso seja oficializada a reintegração de posse, essas famílias não têm para onde ir e a situação ficará ainda mais delicada.