Neste mês de homenagens às mulheres, com todo o respeito àquelas que se permitem admirar ao longe, exalto a força e o exemplo daquelas que participaram e continuam dentro, não apenas gerando, mas também gerindo, se arriscando e garantindo a continuidade do sonho! Como Mercedes Sosa, ao afirmar “trago palabras con el sonido” para se fazer ouvida, para denunciar a dor e profetizar a abundância da vida.
Dando “gracias a la vida que me há dão tanto”, tenhamos também a coragem de contribuir dando um pouco de nós mesmas para as multidões que desaprenderam a arte de desejar um mundo melhor para todos. Que a vitória dos nossos filhos nos leve ao comprometimento com a vitória dos filhos anônimos. As possíveis derrotas, possam nos assemelhar às mães para as quais os filhos já não voltam.
Até que possamos dizer: “solo le pido a Dios que el futuro no me sea indiferente”, por compreender que a indiferença dos bons é o trunfo dos maus! Que a usam diariamente como álibi, para perseguir, condenar, matar…
Sejamos fecundas como “la tierra, madre de la eternidad”! Produzamos não apenas sentimentalismos, mas também Ciência, Política, estejamos nos centros de decisões, não para agir como homens, mas como mulheres que somos, no equilíbrio da razão e do sentimento.
“Para continuar caminando al sol por estos desiertos”, tenhamos a coragem de discordar com a destruição da ética, semeando valores ao longo do caminho. Ensinemos os nossos filhos a caminharem pelas vielas estreitas da independência, elevando o nível mental para não ceder ao apelo do comprador de almas.
Em oferta a todas as anônimas vidas femininas expostas ao sofrimento da miserabilidade, desde as que estão com os pés enfiados na lama da Mundaú àquelas transformadas em baluartes da sobrevivência sob a opressão, a inspiração de Mercedes Sosa, pois “hoy desperté cantando esta canción/ que ya fue escrita hace tiempo atrás/y es necesario cantar de nuevo una vez más…” Liberdade! Libertad!