Cerca de sete mil plantadores de cana de açúcar serão beneficiados pelo uso de máquinas, equipamentos e insumos conseguidos por meio de convênio com o governo do Estado no valor de R$ 1,3 milhão. A entrega acontece nesta segunda-feira (22), a partir das 10 horas, na Rua Sá e Albuquerque, no Jaraguá, onde também haverá a inauguração da nova sede da Associação dos Plantadores de Cana (Asplana).
De acordo com Lourenço Lopes, presidente da Asplana, o repasse de tratores, caminhão, motocicletas, grades e semeadeiras de calcário vai reduzir os custos de produção e estimular o setor. “Dos 7 mil fornecedores, pelo menos 5,6 mil são pequenos agricultores, e cultivam até 20 hectares. Eles produzem até mil toneladas de cana por ano. Esse setor vinha enfrentando dificuldades”, salientou Lourenço Lopes.
Segundo ele, as dificuldades começaram no início dos anos 1990, com a implementação da política neoliberal de não-interferência do Estado na economia e a extinção do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), que regulamentava os preços. “Com isso, os pequenos fornecedores passaram por momentos difíceis, e só agora recebem apoio do Estado, por meio do governador Teotonio Vilela”, citou o presidente da Asplana.
De acordo com o secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, Jorge Dantas, o Governo também vai repassar, por meio da Secretaria da Agricultura (Seagri), sementes de milho e feijão aos produtores de cana. “Muitos deles plantam milho e feijão na entressafra da cana e usam esses produtos para alimentar a família, ou seja, são agricultores familiares e precisam do apoio do Estado”, justificou o secretário Jorge Dantas.
Mercado e formação de preço
Desde o ano passado, as condições climáticas reduziram a produção de cana de açúcar na Índia, um dos principais produtores mundiais de açúcar e álcool e concorrente do Brasil nesse mercado. Com a redução na produção de açúcar e álcool na Ásia, aumentou a procura desses produtos aqui no Brasil, o que elevou os preços para o consumidor interno.
Mas, segundo o presidente da Asplana, isso não beneficiou os pequenos plantadores. “Para se ter uma ideia, o álcool sai da usina ao preço de R$ 1,17 por litro, mas é vendido nos postos de combustíveis por cerca de R$ 2 para o consumidor final. A incidência de impostos é muito alta, inclusive para quem planta”, afirmou Lourenço Lopes.
Para tentar reverter essa situação, ele disse que as associações de plantadores de cana dos demais Estados da federação buscam o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para regulamentar o setor. “O ministro Reinhold Stephanes tem se mostrado sensível à nossa causa”, completou.
Asplana
A entidade é responsável por 33% da produção de cana-de-açúcar no Estado, o que representa nove milhões de toneladas por ano. Além de cana, os produtores estão sendo incentivados a produzir alimentos para o consumo da própria família e para comercialização.
Ao final de cada safra, pelo menos 20% da área passa por uma etapa chamada de rotação, ou seja, não se planta cana, e sim outra cultura, para “descanso” do solo. “Geralmente se planta feijão, milho ou hortaliças, e essa é outra ação na qual temos o apoio do governo do Estado”, destacou o diretor técnico da entidade Rosário Souza.