Profissionais de saúde da Unidade de Queimados do Hospital Geral do Estado (HGE), localizado em Maceió, comemoram a referência positiva que o setor conquistou nos últimos anos. O único hospital de Alagoas especializado em tratamento de queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus passa a dispor do banho sob analgesia para o trato de pacientes em casos mais complexos. Este recurso é a mais recente novidade do Centro de Terapia de Queimados, que possibilita o alívio das dores de pacientes na hora de fazer a limpeza do ferimento.

A coordenadora e médica pediatra da Unidade, Viviane Ferro, explica que antes da chegada do banho analgésico, as crianças e os adultos que chegavam ao hospital com lesões graves sofriam muito na hora de tomar banho e de fazer a higienização adequada. Segundo ela, os pacientes que chegaram em meados de 2009 passaram a se beneficiar com este tratamento indolor. “Após responderem um questionário referente a alergias, eles tomam um analgésico para não sentir dores e permanecem sedados até o término da limpeza”, explicou.

O benefício deste tratamento foi rapidamente identificado pelos médicos e enfermeiras que trabalham na Unidade de Queimados. De acordo com a coordenadora, o banho especializado para as queimaduras de segundo e terceiro graus reduziu o tempo de permanência de pacientes nas enfermarias. “Para mim, essa foi a melhor conquista que o Centro alcançou. Já ficamos com pacientes por quase um ano. Com a chegada do banho sob analgesia, eles têm permanecido no máximo três meses”, destacou.

O paciente José Alex, 28, sente na pele a sensação de alívio que o banho provoca. Vítima de queimaduras de terceiro grau ocasionadas por chama direta por combustão de álcool, ele está intermado há 20 dias na Unidade de Queimados. Ao tentar matar um animal com álcool e fogo, 25% do seu corpo foi atingido por uma forte chama que queimou todo o tronco e partes do rosto e dorso. “Estou sendo muito bem atendido pela equipe de médicos do Centro de Terapia de Queimados, tanto que acabei de receber a notícia de que receberei alta na próxima semana”, disse.

De acordo com a coordenadora, os casos mais comuns de queimaduras são de escaldadura — líquido muito quente derramado sobre a pele — e combustão de fogo, a risca do fósforo em gás ou álcool. O Centro de Terapia de Queimados do HGE conta com uma equipe composta por 32 auxiliares de enfermagem, seis anestesistas, três pediatras, quatro cirurgiões plásticos, sete enfermeiros, dois fisioterapeutas, dois clínicos e um psicólogo.

“Nossa equipe está muito bem preparada para atender a todos os tipos de queimados. Aqui, nesta Unidade, só trabalha médico que gosta de cuidar de vítimas desse tipo. Conforme dados registrados em 2009, a Unidade de Queimados do HGE registrou cerca de 260 pacientes internados e mais de 570 pacientes, entre crianças e adultos, atendidos pelo ambulatório, uma média de 47 ao mês.

Cirurgia plástica — A complexidade de alguns casos, quando o paciente queimado apresenta lesões fortes ou ferimentos expostos, leva a equipe médica a tomar procedimentos mais delicados, como a cirurgia plástica reparadora. Conforme explica o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Regional Alagoas, professor-doutor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e cirugião Fernando Gomes, é quase rotina a unidade receber pacientes que precisem se submeter a esse tipo de cirurgia.

Os casos mais comuns de pacientes que chegam à Unidade de Queimados para fazer a cirurgia plástica são as vítimas por eletricidade, combustão de fogo ou escaldadura. Segundo Fernando Gomes, em situações graves ocasionadas por esses tipos de queimaduras, e necessário realizar o enxerto de pele — retirar uma fatia de pele saudável e aplicar na área doente — ou a plástica retalho, que é puxar um pouco a pele até cobrir toda a parte atingida pela queimadura.

“A cada dois meses, uma pessoa vítima de eletricidade vem até o Centro de Terapia de Queimados para fazer um desses tipos de cirugia plástica; uma média de 12 casos por ano”, ressaltou o médico, acrescentando que, em sua maioria, são homens e suspeitos de terem furtado fios de cobre da rede de alta tensão. De acordo com ele, os pacientes queimados não podem ficar expostos ao sol pelo menos nos próximos 18 meses, além de ter que usar o protetor solar durante todo este período.

Recentemente chegado dos Estados Unidos (EUA), Fernando Gomes afirma que o serviço da Unidade de Queimados de Alagoas é tão humanizado quanto o da América. “Neste Centro, nós temos a única e melhor equipe de profissionais do Estado. Não adianta levar pacientes ricos para outros hospitais, porque é aqui que todos, sem distinção de classe social, têm o melhor atendimento. A nossa atitude cirúrgica é a melhor de Alagoas”, revelou o médico.

Após a recuperação da cirurgia, os pacientes dão continuidade ao tratamento por meio de fisioterapias respiratória e motora, ambas consideradas cruciais para um excelente resultado. Em caso de queimadura, a orientação do doutor Fernando Gomes é esfriar a área atingida com água corrente ou gelo, ou seja, fazer uma compressa úmida e nunca passar pasta de dentes ou margarina.

Além disso, a recomendação do especialista é envolver com um pano limpo a parte da pele sofrida. “Caso não tenha como fazer esses pequenos cuidados, o ideal é não fazer nada e levar a vítima direto para a Unidade de Queimados. Passar margarina ou pasta não é uma boa conduta, pois pode ser muito infeccioso”, explicou Fernando Gomes.

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