Maíra VilelaMaíra Vilela

O lado hip-hop, a dance music, e o pop tiveram espaço no segundo e último dia do Abril Pro Rock, o festival do Recife que, na sua 18ª edição mantém fórmulas que vem dando certo, tanto na repetição de convidados como na apresentação de novos nomes para o público. O ponto alto da noite desse sábado (17) se deu justamente na união destes ingredientes. O pessoal do Pato Fu e seu rock cheio músicas de sucesso se apresentou pela quarta vez e, diretamente de Nova York, o Afrika Bambaataa fez seu primeiro show no espaço, fazendo todo mundo dançar.

O guitarrista John Uchoa e a vocalista Fernanda Takai, do Pato Fu, se apresentaram como que para velhos conhecidos, embora não pisem nos palcos recifenses há 6 anos. "Nos sentimos à vontade nesta cidade", disse Fernanda, pouco antes de subir para a apresentação que fecharia o festival. Sob as luzes e debaixo de aplausos e gritos, cantaram músicas conhecidas do público, tão conhecidas que raras foram as vezes que não tinham a companhia dos fãs.

A combinação de rocks românticos na voz suave de Fernanda Takai com sons mais embalados, marca da banda, encontraram ressonância no público. Tanto que houve momentos em que todos levantavam as mãos para pular e houve também a hora dos namorados (ou quase) dançarem juntos.

Antes de a banda mineira subir ao palco foi a vez dos afro-americanões do Bronx agitarem a galera e não deixar ninguém parado. O Afrika Bambaataa fez jus à fama que precedia sua apresentação de ser um dos ícones da cena hip-hop do momento. Desde que teve seu microfone ligado, Kevin Donovan se esforçou para que todos no público se mexessem. Pulou no palco, foi até a área de proteção, incitou a plateia a repetir "yeahh" e o nome do grupo várias vezes. Teve sucesso.

O Afrika Bambaataa foi um dos grandes momentos do Abril Pro Rock, da noite do sábado até a madrugada do domingo. Conseguiu uma das maiores aglomerações de público dançante vista no festival, que na bilheteria de ontem contou 3 mil pagantes (ingresso inteira por R$ 25 com um quilo de alimento não-perecível ou R$ 40).

O sábado do Abril Pro Rock começou a ficar animado com a apresentação de Wado, cantor de Alagoas que aproveitou o festival para apresentar as músicas do seu disco Atlântico negro, lançado em outubro. As músicas do show foram suingadas, melodiosas e combinam vários estilos cancioneiro.

Radicado em Alagoas, Wado tem seu público romântico inclusive por causa da proximidade que sua cidade tem com o Recife. E ele sabe como cativar seus fãs. Possui domínio de palco e músicas fáceis de grudarem na cabeça.

Se o clima começou a ficar bom para a melodia com Wado, melhorou com 3naMassa, formação que conta Dengue e Pupilo, do Nação Zumbi, e Rica Amabis, do Instituto, tocando e quatro vocalistas (sempre vozes femininas) se revezando em sons que vão do romanticão (Loving you) ao rap, passando por boas baladinhas leves cheias de melodia. O 3naMassa tocou com harmonia, onde os músicos (idealizadores do conjunto) se concentram na melhor apresentação quietos em seus banquinhos ao passo que as vocalistas Lurdes da Luz, Nina Becker, Marina de La Riva e Karine Carvalho derramam sensualidade no palco e mais além.

O romântico deu um pause, depois do 3namassa, para o som dançante e eletrônico do Instituto Mexicano Del Sonido. Camilo Lara, o líder do grupo, começou o que o Afrika Bambaataa iria concluir: colocou quem estava por perto para dançar. Dance music, cumbia, cha cha cha, música eletrônica e o que mais estiver passando na frente é motivo para se combinar e fazer som dançante nas mãos de Camilo Lara.

Camilo não só dominou o palco como soube cativar o público. Com seu portunhol, explicou que naquela noite não seriam o Instituto Mexicano Del Sonido e sim o Instituto Pernambucano do Som – falou ao mesmo tempo em que revelava uma camisa com a bandeira do estado sob a jaqueta. E tome sirene e música eletrônica.

Antes do Wado, merece destaque The River Ride, conjunto de rock mais melodioso, que tanto se apresenta com duas guitarras, baixo, teclado e bateria, como substitui o teclado pela terceira guitarra dando mais peso ao som, que alterna em músicas mais românticas. O conjunto está lançando In a Forest, disco cantado em inglês com pegadas em rock.

A abertura do festival ocorreu antes das 19h com Anjo Gabriel, banda com combinações sonoras que remetem aos anos 70 – década das imagens psicodélicas tão usadas pelos músicos. Anjo Gabriel (PE), Mini Box Lunar (AP), Plástico Lunar (SE), Bugs (RN), Vendo 147 (BA), Zeca Viana (PE), Nevilton (PR) e Plastique Noir (CE) se apresentaram para um público pequeno, pois a chuva foi persistente na noite de sábado. São conjuntos que comprovam uma das missões mais ricas do Abril Pro Rock, que é possibilitar a troca de experiências de diferentes localidades do país. São músicos conhecidos no seu estado que, em alguns casos, têm a primeira oportunidade de se misturarem com colegas de diferentes partes do país no festival.

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